Súplica Sertaneja
No meu sertão a seca acaba
Com a água da minha região
Que toda a beleza
Se transforma em tristeza
Lamentavelmente vivo esta proeza
Mas eu tenho certeza
Que meu povo terá felicidade
E verá água de verdade
Dia após dia, luta após luta
Superando nossas fraquezas
Estamos na labuta
Para recuperar nossas riquezas
Apesar de todos os reveses
Aos meus santos faço preces
São Francisco me guia
Nesses dias de agonia
Agora meu sertão sofre
Todo o gado morrendo
O sorriso do meu povo
Foi se esquecendo
Mesmo o sertão sendo triste
Nosso povo nunca desiste
Fé em Deus, vamo a luta
Superando tudo isso com conduta
Ao meio-dia meu povo
Sofre em agonia debaixo
Do sol quente, meu
Povo nordestino é muito crente
Somos cientes que ainda
Haverá brilho nos dentes
Vixe Maria, livrai-nos
Da agonia dessa manhã febria
Mês de Junho no nosso Nordeste
São Pedro, livrai-nos do calor da peste
Manda chuva nosso senhor
Para esse povo sofrido e trabalhador
De uma coisa eu sei meu Senhor
Seu olhar sobre nós me fez suplicar
E então o meu sertão vou amar
E meu milho cultivar
No sertão noite e dia
Ouvindo a mesma cantoria
Que sempre meu velho cantava
Que tudo se acabava
Nordestino, homi guerreiro
Cabra macho o boiadeiro
Vaqueiro o Lampião
Sangue nozói de uma nação
De Janeiro em Janeiro gado morrendo
E nossas esperanças foi-se esquecendo
Sem chuva, mas com reza
Vamos com pressa pagando promessa
O chão rachado que um dia foi arado
Hoje não mais duvidar
Será que nossas plantações irão voltar?
Eu só tenho que viver e trabalhar
Sem riqueza,mas com humildade
A pobreza nos mostra a verdade
O trabalho é nossa dedicação
Do barro sou um artesão
Restos mortais dos animais
Caminhando na estrada da
Solidão, sozinho em
Meio os buracos do sertão
Tenho seca,tenho fome
Tenho pressa companheiro
Se o desprezo me consome
Eu sigo forte e verdadeiro
Finalmente acabo este cordel
Fazendo entrar na memória
Demonstrando toda coragem e glória
E ainda tiro meu chapéu,eu num sou tabaréu.