APRENDIZAGEM EM FOCO
A aprendizagem é o ponto chave de todo é qualquer processo educativo. O enfoque nesse tema abre e amplia a capacidade de aprender mediante múltiplos processos de experiências, como a dos cordelistas: Quimério e Veridicto:
V
Aprendizagem para mim
Tem sentido e tem valor,
Os olhos enchem de água
Do saber que aflorou.
Q
Então vou te revelar
O meu grande sentimento:
Aprendizagem para mim
É alegria e lamento.
V
Interprete seu Quimério,
Essa sua afirmação,
Não entendo como pode
Lamentar a educação!
Q
Também, senhor Veridicto,
Como podes entender?
Sempre teve o que queria
Nunca soube o que é sofrer.
V
Eu não posso reclamar
Da vida que Deus me deu,
Mas posso lhe afirmar
Que ganha quem aprendeu.
Q
Pois eu sempre acordei cedo
Para na roça trabalhar,
Aos sete anos de idade
Aprendi a me virar.
V
Nessa idade, seu Quimério,
Minha querida mãezinha,
Deixava-me na escola
De Dona Mariazinha.
Q
Minha escola é a vida,
Educação não formal,
Prioridade a comida,
Aprendizagem ideal.
V
Sou formado em Direito,
Sei como argumentar.
Mas a veia cordelista
Sempre esteve a aflorar.
Q
Nem em sonho imaginei
Um dia ser professor
Andava longe da escola
Pois via muito clamor.
Q
Mas veja, pois, o senhor,
As voltas que o mundo dar
Depois de muito sofrer
No magistério fui parar.
V
Que beleza, seu Quimério!
É uma nobre profissão.
Parabéns para o senhor,
Que tem um anel na mão.
V
Mas veja que no Direito
Nós podemos consultar
Abrir o livro para ver
O que a lei nos apontar.
Q
Pois veja no magistério
Isso não ocorre assim
Se abrir o livro em sala
É porque ele é ruim.
É não saber ensinar.
V
Cada um é cada um
Faz-se como convinher,
Mas agora, meu amigo,
Vamos ver quem dá no pé.
Q
Você sempre no comando
Só quer ser o sabichão,
Quero ver se é bom na rima
Ou se apanha de canhão.
V
Agora é pra valer
Não espere compaixão,
Vou mostrar para você,
O peso da argumentação.
Q
Quem tem boca vai à Roma,
Mas você vai mais além,
Sua língua, meu amigo,
Quando morrer vai de trem.
V
Que exemplo você é
De cultura popular,
Parece um Buscapé
Que só faz é bocejar.
Q
Veridicto, seu tropeiro,
Quem procura sempre acha,
Antes do galo cantar
Vou encher-lhe de bolacha.
V
Você pensa que é o tal,
Mas só tem é blábláblá
Vou lançar-lhe um desafio
Para você desafinar.
Q
Então, desembucha, logo,
Não tenha tempo a perder,
Nunca vi um desafio
Que não pudesse vencer.
V
Diga-me qual a política
Que pensa em educação,
Saúde, saneamento,
Sem ser tempo de eleição?
Q
Desse jeito é covardia
Você sabe a resposta
Ainda está para nascer
Um político que se importa.
V
Então você mude a prosa
E trabalhe com a rima
Faça versos e repita
Para eu entrar no clima.
Q
O verso eu elaboro,
Porque sei como fazer:
Cante um e cante dois,
Cante três para aprender.
V
Isso eu sei como se faz
É bem fácil de dizer:
Cante um e cante dois,
Cante três para aprender.
Q
Fez o verso aprumado
Soube como resolver,
Cante um e cante dois,
Cante três para aprender.
V
Então mude o diálogo,
Porque vencido já está,
Acho bom ir para casa
Pois é hora de parar.
Q
Vou deixar você falar,
Mas não paro por aqui
Por hoje digo até logo!
Mas esse não é o fim.
V
Pois estou lhe esperando
Sempre em boa companhia
Venha e traga a sua rima
Seja de noite ou de dia.