A Eleição dos Insetos

A eleição dos insetos

Narrada em poesia

Fala de um caso truculento

Que durante aquele evento

Feriu a Democracia.

De uma comunidade de insetos

Que viviam em união,

Com desejos e opinião,

Organizaram uma eleição

Num ambiente seleto.

Os candidatos eram as flores

Por seu aroma e beleza,

No matiz de suas cores

Exaltavam os valores

Da grande mãe Natureza.

Num jardim muito florido

Em certa manhã de sol

Sobre aquele colorido

Com aspecto destemido,

Passeava um Rouxinol.

Muito atento e agitado,

Repleto de ambição,

Com gestos bem calculados,

Tornava o jardim mercado ou

Praça de alimentação.

O ambiente estava preparado

Com mil cores feito assim

Com pedaços pinicados

De pistilos orvalhados

O gramado do jardim.

Anúncios bem redigidos

Lembravam a eleição,

Numa forma de recado

Pendurados por todo lado,

Compunham a decoração.

Dos insetos, os zumbidos

Difundiam-se pelo ar

Era assunto preferido,

Alegre e bem discutido

O direito de votar.

O juiz eleitoral

Era um besouro crescido

Um tipo especial,

Eleito no Tribunal

Por ser o mais instruído.

Num ramo empoleirado

Um Bem-te-vi folgazão

Era ali um convidado

Para divulgar os resultados

Durante a apuração.

Abelhas, borboletas,

Grilos e os pulgões

Eram os donos da caneta,

Encarregados da escrita

Que faziam anotações.

Venham todos, meus senhores

Um Gafanhoto dizia

Hoje somos sabedores

Qual a mais bela das flores

Que trará mais energia.

É embaixo da roseira

A nossa reunião,

Venham todos em fileira,

Não existe qualquer barreira,

Vai começar a votação.

A eleição bem merecia

Patriotismo tenaz.

Tudo ali se decidia

Com respeito e harmonia

Num clima de muita paz.

O Rouxinol desconhecia

Daquilo toda a razão,

Um ambiente de euforia

Seu apetite só dizia:

É hora da refeição.

O passarinho ignorava,

Na vida o direito alheio.

O que a ele interessava,

Era o que sempre buscava,

Sair dali de papo cheio.

Desse modo o visitante

Sua observação concluía,

E naquele mesmo instante,

Com golpes arrebatantes

Toda a festa destruía.

Mas não pegou um só bichinho

Pois a turma lhe escapou,

Com astúcia o juizinho

Livrou-se do passarinho

Que irritado ficou

Quis cantar não conseguiu

Estava com o bico machucado,

Ficou também engasgado,

Saiu dali deprimido

Pois um gravetinho engoliu.

Vejam mais que sucedeu

Ao potente Rouxinol

Seu cantar emudeceu,

Tristemente adoeceu

Indo se aquecer ao sol.

Não houve mais eleição,

O evento foi adiado,

O juiz inconformado,

Informou que o delegado,

Para aquele caso, prometia solução.

O delegado era um Maribondo

Bem terrível e peçonhento,

Era um defensor do estado,

Seu nome era respeitado

Por toda parte do seu mundo.

Outro evento foi marcado

Com o aval do juiz,

Para um local fechado

Onde o eleitor ficaria protegido

Do jeito que a lei condiz.

Segurança e votação

São direitos de cidadania,

Liberdade de expressão,

Escolhas e opinião

Compõem a Democracia.

Falemos do passarinho

Que perdia a energia,

Nas dependências do ninho

O viver ali ficou mesquinho

Por falta da alegria.

O rouxinol permanecia

Mudo e bastante doente

A bicharada que o seu cantar ouvia

Não sabia o que seria

Sem ele naquele ambiente.

Todas as aves reunidas,

Por ele foram implorar

À Natureza querida

Que lhe fosse devolvida

A licença de cantar.

Aquela prece coletiva

Em favor do Rouxinol

Foi mensagem positiva,

Muito forte e decisiva

Foi ouvida pelo Sol.

E desde então o passarinho

Não parou mais de cantar

Mesmo dentro do seu ninho

Canta cheio de carinho

Só para a vida se alegrar.

Amábilis Rodrigues
Enviado por Amábilis Rodrigues em 31/05/2018
Código do texto: T6351890
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