Meu sertão
Minha gente:
Eu já vou me apresentar, se avexe, muito não,
preste atenção no que vou contar
Não sou muito antigo, mais quando aqui na caatinga, cheguei,
a mata era dança e farta, os bichos, eram tantos, espécies que eu nem sei falar
Não tinha estradas, só veredas para se caminhar
O sol já era muito quente mais nas sombras das árvores, como já disse não eram Poucas, sentia-se o vento puro batendo ate refrescar
A água não era fácil, um olho de água aqui, uma cacimba acolá, numa Pia ou caldeirão nos lajeiros, a chuva nunca deixava faltar,
Nas trovoadas de ano em ano, quando os riachos enchiam, ate aprendi a Nadar.
Comida nunca foi fácil, mas a natureza nunca deixou faltar
(frutas, mel), ate se podia caçar.
Já existiam aqueles que ficam esperando, acreditando que Deus provera, esses sim, passavam uma fome de lascar
Não havia rádio nem televisão mais os rinchos dos Jumentos, o canto das Siriemas, da Acauã, da Mãe da lua,(a noite), dos Papagaios e outros pássaros não deixava nada a desejar
Mel de abelha, era açúcar, remédio e comida, e eram muitas espesses há Produzir, Urucu, Tubiba, Sete portas, Manduri, Papa-terra, Cara quili, Enchu verdadeiro, encchuí, e ate arapua
Nas matas da caatinga do meu sertão:
Porco do mato, Ema, Tatu, Jabuti, Tamanduá
Onça, Veado, Siriema, Gato vermelho, Gato preto
Gato pintado ou maracajá, Papagaio, Nambu, Codorniz e ate Cangambá
Antes eram muitos, via-se aos bandos, agora só se ouve falar
Cachorro, Badoque, Estilingue,
Espingarda, Cassete, Veneno, Quixó, Arapuca
Machado, Foice e Facão,
Fogo, Fumaça e Fadiga
Foi, feito praga de formiga que destrói plantação
As vezes ingenuidade as vezes covardia, a desculpa para muitos é a barriga para mim é covardia
Se é bom ou ruim nem me pergunte.
Eu só sei que Pelas estradas foram:
Animais e plantas tudo no mesmo embalo
para dar lugar à carros e motos
expulsando o jumento e o cavalo
E agora, agora é assim, depois eu não sei não,
mas tudo indica um buraco, o vazio da extinção