O Cordel e a história de Maria Inês
Eu me chamo Marcos Silva,
E irei falar com fervor
Fazer cordel é difícil
Na verdade é um horror
Ser cordelista não é fácil
Concorde por favor!
Primeiro tem que pensar
Qual história escrever,
E depois tem que pensar
Quais palavras escolher
Pra que a história tenha rima
E elogios receber
É preciso ter cuidado
Ouça o que vou lhe dizer
A escrita do folheto
Deve sempre obedecer
Métrica e rima organizadas
Todo cordel deve ter.
Cordelista é cabra da peste!
Nem consigo imaginar
Como o autor Bráulio Tavares
Tantos textos pôde inventar
Ele buscou inspiração
Na cultura popular.
Vou então aproveitar
E contar para vocês
Uma história assustadora
Que o Carlos Drummond fez
De uma moça muito estranha
Chamada Maria Inês
Quando estava entristecida
No cemitério ela andava
Viu um dia num jazigo
Pequena flor que murchava
Com um gesto distraído
A flor do jazigo arrancava
Andou pelo cemitério
Com a flor que arrancou
Com o tempo se esqueceu
E a flor longe atirou
Foi cair lá na estrada
Em local que nem olhou
Inês sem saber de nada
Em sua casa chegava
Em direção ao banheiro
O telefone já tocava
Inês ficou assustada
Com a voz que suplicava:
"Tu furtaste a minha flor!"
Inês sem nada entender
Resmungou e disse: o quê?
E a voz fez Inês saber
Que a flor tinha seu dono
E era para ela devolver.
Para seus pais ela ligou
Falou da flor arrancada
Não saía mais para andar
Se sentia ameaçada
Se o telefone tocava
Ficava paralisada
Depois de muitas ligações
Inês já muito sofria
Aquela flor arrancada
A voz muito queria
Depois de um certo tempo
A jovem Inês morreria
A voz que ninguém sabia
Depois da morte emudeceu
O caso foi contado
E muita gente se comoveu
E fica aqui a lição
Não mexa no que não é seu.