A REVOLTA DAS ÁGUAS

Numa tarde de domingo

O tempo foi se fechando

As nuvens se reunindo

O trovão se preparando.

A terra queria água

E o agricultor também

Os animais esperavam

A chuva como ninguém.

O rio seco sem água

A plantação já morrendo

O tempo estava fechado

E tudo se resolvendo.

A mãe chuva de repente

Ordena a uma gotinha:

- dê um pulinho na terra

E leve notícias minha.

Avise que estou chegando

Vou levar prosperidade

Pintar de verde o sertão

E abastecer a cidade.

- Vou banhar a plantação

Matar a sede do povo

Quando menos esperar

Eu volto pra La de novo.

A gotinha saiu rolando

Correu a terra todinha

Porém tudo que ela viu

Deixou bem triste a gotinha.

Viu um homem ignorante

Matando o meio ambiente

Desmatando as florestas

Matando sua própria gente.

Viu o rio sendo usado

Como esgoto a céu aberto

Onde as matas ciliares

Não estavam mais por perto.

Viu o bravo agricultor

Com um agir preguiçoso

Não capina, usa agrotóxicos

Para o ambiente, desastroso.

O homem já não capina

Envenena o ambiente

Querendo grande colheita

Esquece de olhar pra frente.

Desrespeita a fauna, a flora

Tudo isso a gotinha viu

Passou lá em Tejuçuoca

Um Pedacinho do Brasil.

A gotinha agoniada

Não ousou em demorar

O relatório completo

Pra mãe chuva foi levar.

Chegou lá desesperada

Com tudo que viu aqui

Algo tinham que fazer

Antes da chuva cair.

Mãe chuva fechou a cara

Tomou dura decisão

Recolheu-se no seu canto

Não molhou mais meu sertão.

De lá pra cá muita seca

Toda água indo embora

Um sertão improdutivo

Muita gente na esmola.

A gotinha muito esperta

Pra mãe chuva perguntou:

- Cadê o final feliz?

Nossa historia terminou?

A mãe chuva calmamente

No empinar do seu nariz

Disse: - o ser humano escolheu

Não foi o final que eu quis.

Porem se tiver mudança

E o ser humano aprender

Volto a banhar meu sertão

E eu faço tudo florescer.

Por enquanto, será greve

E vai chover oração

Enquanto não aprenderem

Essa é a minha decisão.