QUER SER BOM? POIS MORRA!

Eta povo de moda esquisita
Muito difícil até de entender
Ser humano é cheio de frescura
Falsidade pra dá e pra vender
Passa a vida falando do irmão
Diz: não presta vira esculhambação
Tudo muda se o irmão vem a morrer

Quando vivo já não tem serventia
Praga ruim, infeliz, não tem moral
É intriga, fuxico e safadeza
É discórdia tamanha sem igual
Ser humano precisa aprender
Só valoriza quando vem a perder
Não consegue viver o social.

Quando um cabra inventa de morrer
E a notícia se espalha mundo a fora
Só se ver nos alpendres é gente triste
Curiosos olhando lá quem chora
Sem falar nas comadres choradeiras
Que com cuspe ficam melando as beiras
E rezando a Deus nossa senhora.

Aí chega aquele cabra falso
Olha em volta e começa a dizer
Hoje o céu se alegra com a chegada
De um santo, vamos reconhecer
Este homem tão bom e companheiro
Cidadão tão honesto e verdadeiro
Vá em paz que Deus vai te receber.

O finado estremece no caixão
Fica puto e querendo levantar
Nessa hora o corpo fica frio
Esperando o caboclo colocar
Sua mão sobre a testa do finado
E sair dali com um resfriado
Ou ali bem na hora congelar.

E tem gente que é fora do sério
Por se achar parente lá do finado
Antes mesmo de cuidar do enterro
Liga lá pro patrão aperriado
Perguntando pelos dias de luto
Pro finado um verdadeiro insulto
Sua honra é deixada de lado.

As comadres se apegam com o terço
Vão rezando mostrando sua fé
Nas intenções é só palavras bonitas
Homem bom, ou até boa mulher
Mais tem gente que só vai pra velório
Com um simples interesse bem notório
As repetidas xicrinhas de café.

Mais as faltas ali são esquecidas
O finado ninguém quer esquecer
O ruim vira bom que coisa linda
Ser humano difícil de entender
Se os irmão buscassem mais o amor
Aprendessem dá o real valor
Ao irmão bem antes dele morrer.