CARTA-RESPOSTA DE JESUS CRISTO AO FILHO DA TERRA

Olá, amado filho meu!

Sua carta recebi

Fiquei triste quando li

Sobre o velho mundo seu

De tal modo me envolveu

Mas me preocupo não

Porque aí cada cristão

Convive-se livremente

Pois sabe-se exatamente

Que fazer nesse mundão.

Está claro para mim

Teu mundo nada aprendeu

Até agora viveu

Só de luxo e de festim

A vaidade não tem fim

Geração a geração

Assim gira essa nação

Sem o comprometimento

E sem o conhecimento

Da própria expiação.

De fato, a humanidade

Ainda não acordou

Em demasia afundou

Na sua infantilidade

Pensa que a felicidade

Cá está no seu externo

Porque tudo é moderno

Que o hoje é o presente

E o amanhã o consequente

De mais um dia fraterno.

Muito tem o que aprender

O povo desse condado

Primeiro ser despertado

Pra melhor se conhecer

Só assim vai entender

Da vida o real sabor

Para viver com primor

O seu hoje de verdade

Com toda felicidade

Que o amanhã lhe dispor.

Neste mundo que é vosso

Tem muita contradição

Alguns creiam outros não

Não há respeito ao Pai-Nosso

Sabe-se que tudo posso

Mesmo assim não se dá trégua

Mede-se na mesma régua

O poder predominante

Continua praticante

O tal filho duma égua.

Pois assim vai-se a nação

Caminhando sem destino

Igual um lobo canino

À procura da ração

E sem preocupação

Com esse, ou seja, lá quem

Nesse um vai um outro vem

A arapuca está armada

À beira da encruzilhada

Para o mal ou para o bem.

Por aí a coisa é feia

Muito tenho observado

Nesse vosso povoado

A paz não se saboreia

A infâmia se semeia

Como semente no chão

E brotando em cada irmão

Uma ganância sem fim

Tal e qual coisa-ruim

Contaminando a nação.

Você tem toda razão

Quando faz o comentário

Existe muito falsário

Adentrando a multidão

Enganando esse povão

Com seu jeito de bonzinho

Com o abraço e o carinho

E o sorriso disfarçado

Um cérebro intencionado

De pensamento mesquinho.

Tem de tudo e um pouco mais

Nesse velho mundo seu

Tem o crente e tem o ateu

Há os bons e os imorais

Os filhos matando os pais

Por uma coisa qualquer

Marido mata mulher

E mulher mata marido

Por ele ter lhe traído

Com um outro bem-me-quer.

Dói assim meu coração

Quando olho pra essa terra

Que vejo a nação em guerra

Destruindo o vosso irmão

Que grande decepção!

Já começo a lacrimar

Também a questionar

O porquê da tirania

E tanta selvageria

Aí nesse seu lugar.

Pena que esse vosso mundo

Não escutou o que eu falei

Quando às claras ensinei

Amar o próximo a fundo

Mesmo aquele moribundo

Sem moral e sem valor

Que seja ele ou não doutor

Dê você sua atenção

Estenda-lhe a sua mão

Como lhe fez o Senhor.

Ah, quem dera filho amado!

Que um dia eu acordasse

E para o seu mundo olhasse

Visse aí tudo mudado

O povo condecorado

Pela paz tão desejada

Toda nação de mão dada

Na mesma finalidade

E o fim da rivalidade

Numa vala sepultada.

Parece que o seu planeta

Não está mesmo a fim

Quer ver fogo no estopim

Ouvir o som da espoleta

Na ponta da baioneta

A vida dum inocente

É tirada de repente

Por um motivo banal

Aí nesse funeral

Outra vítima parente.

Chefes das grandes nações

Adoram os holofotes

Uns atacam de coiotes

Já outros de fanfarrões

Os senhores falastrões

Na hora do vamos ver

Não à paz só faz dizer

E com outras pretensões

Diz sim aos vossos canhões

Para o mundo padecer.

Eu fico me interrogando

Por que motivo e razão

Tanto ódio no coração

O homem alimentando

Cada vez mais abusando

Desse seu próprio poder

Pois devia ele saber

O amor é mais importante

Muito mais glorificante

Do que se autopromover.

Nesse vosso território

Maior preocupação

É expor porta-avião

Como um bicho criatório

Esse instinto possessório

Eleva-se o bel-prazer

De alguém que queria ter

Um prêmio como vingança

Daquela infame aliança

Que o mundo assistiu nascer.

Assim avança a nação

Disputando poderio

Colocando por um fio

Vida doutro cidadão

A terra perdeu noção

Do perigo à sua frente

Segue o povo cegamente

Agindo como um algoz

Raivoso e muito feroz

E a vítima é o inocente.

O universo fica triste

Diante tanta desfeita

Ninguém aí se endireita

E nem tampouco persiste

Se embeleza no tuíste

Esquecendo o essencial

Que é a reforma pessoal

Para o próprio crescimento

E seu desenvolvimento

No convívio social.

Meu caro filho querido!

Muita coisa está mudada

Desde o início da jornada

O seu mundo está perdido

Eu tenho até proferido

Mas ninguém dá atenção

O estampido do canhão

É muito mais importante

Do que o meu rogo incessante

Pedindo mais união.

Nesse seu pequeno mundo

Muitos se acham importantes

Só são meros figurantes

Duma fração de segundo

Seu íntimo é infecundo

E nada de bom produz

Se perde na própria luz

Acesa da evolução

Ficando à mercê e em vão

Aos quatro pontos da cruz.

Aí nesse seu mundão

Certas classes sociais

Já não se respeitam mais

Convive-se a gato e cão

É a discriminação

Fala mais alto que tudo

Aleijado cego ou mudo

Não importa tanto faz

Alguém ergue seu cartaz

Atiçando o conteúdo.

É por isso filho meu

Que a terra não evolui

Ninguém aí contribui

Para sair desse breu

Seja crédulo ou ateu

É cada um pra o seu lado

O poder é acirrado

E salve-se quem puder

Assim nesse malmequer

O trono é disputado.

Sociedade terrena

Pois o que importa é ter

Sobretudo também ser

O figurino da cena

Nesse teatro de arena

Ainda reconhecido

O bem-amado e querido

Do seu núcleo regional

Enfim, fulano de tal

O todo bem-merecido.

Ainda vou mais além

Muito além do que já sei

Tive aí e presenciei

O lamento e tanto amém

Vossa terra está refém

Desse seu próprio egoísmo

Assim como do racismo

Do ódio e da hostilidade

Da mentira e da vaidade

E dum falso moralismo.

Como uma cobra-cega

E sem expectativa

Feito um barco à deriva

A nação assim trafega

É aquele pega-pega

Em busca do quero mais

Certos valores morais

Deixam de ser importantes

São apenas variantes

Dos pecados capitais.

Aí nesse seu mundão

E ninguém tem interesse

Que seja daquele ou desse

Fazer unificação

Ao rival pedir perdão

Por todo mal que lhe fez

Nem que seja uma só vez

Para todo o sempre amigos

Como se fossem antigos

Esses laços de vocês.

Mas na hora do sufoco

Tem gente desesperada

Mãos-postas e ajoelhada

Deixando unha no cotoco

Nem tudo é doce de coco

Logo faz uma promessa

Para Santo Deus confessa

Que precisa de uma ajuda

E por favor que lhe acuda

Sua dívida tem pressa.

Oh, meu caro filho amado!

Veja que contradição

Na hora da precisão

O seu Deus é invocado

Só assim ele é lembrado

Nem por isso ele se zanga

Nem tampouco faz moganga

Compreende o pecador

E abençoa com amor

Aquela sua pendanga.

E apesar dos pesares

Ainda muito acredito

Nesse seu mundo cãozito

Mudem seus particulares

Que por todos os lugares

Paz seja petrificada

Num mastro seja fincada

Símbolo da liberdade

Por toda a humanidade

Assim seja respeitada!

É do mundo esse desejo

Sendo assim é meu também

Que os sinos digam amém

E repique esse cortejo

Pra Deus Pai será festejo

Desejada harmonia

Que tamanha sinfonia

Aí por esse mundaréu

Assim como aqui no céu

Vibra na mesma alegria.

Entre todas as nações

Haja confraternidade

Homens de boa vontade

Deixem vossas impressões

A futuras gerações

Que essa paz seja infinita

Seja a vida mais bonita

Na sua integridade

E por unanimidade

Selada, seja e bendita!

Vós fizestes muito bem

Tendo escrito para mim

Contando no teu pasquim

As coisas do teu harém

Eu sei que aí sempre tem

Algo mais pra ser falado

E valeu pelo recado

Oh, meu filho tão querido!

Vai um abraço comovido

Daqui desse meu reinado.

FIM

Francisco Luiz Mendes
Enviado por Francisco Luiz Mendes em 03/02/2019
Código do texto: T6566011
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