Monge nordestino

Nordestino é monge arretado

Quando vai tocar o gado

Tem uma calma de sábio

E quando falta água, medita

Para que na caatinga

O equilíbrio se faça

E a chuva caia.

A entoação do mantra

É o dedo de água ardente na manhã

Todo dia na mesma hora

Três goles enxoto goela abaixo

Para aguentar o empacho do dia

Mas nordestino não arreiga

Meio dia debaixo do sol

Faz uma prece

E três rezas.

Nordestino é monge arretado

Mas também é eremita

Indo pra São Paulo

Pensando que no centro urbano

Pode fazer a vida

Mas nordestino medita

E sente falta do seu teto

E vê quem em São Paulo não tem afeto

Nem trabalho.

Volta pra sua terra

Tocar o gado, na calma de sábio

Escrever cordel debaixo do sol árduo

Se faz o nordestino em sua missão

Nordestino é monge arretado

O seu templo é o sertão.

Rafaela Romero
Enviado por Rafaela Romero em 21/02/2019
Código do texto: T6580791
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