LIBERTEM OS PÁSSAROS
É DOMINGO ABRO A JANELA
OLHO O SOL QUE ESTÁ NASCENDO
AVISTO LA NA COLINA
JACATIRÕES FLORESCENDO
PREPARO MINHA BAGAGEM
VOU EM DIREÇÃO A PAISAGEM
O DIA ESTÁ AMANHECENDO
ANDO POR HORAS NA MATA
APRECIANDO A NATUREZA
SUAS FLORES SUAS NASCENTES
E PÁSSAROS DE RARA BELEZA
VOU ABRINDO UMA PICADA
MUNIDO DE MINHA ESPADA
CORTANDO A MATA INDEFESA
VEJO PALMITOS JUÇARAS
VEJO UM IPÊ CENTENÁRIO
UM LINDO JARDIM SUSPENSO
UM VERDADEIRO ORQUIDÁRIO
OLHO LA NUM OCO UM NINHO
DE UM BELO PASSARINHO
NO INTOCADO CENÁRIO
PARALISADO LHE ADMIRO
NÃO CONTENHO A EMOÇÃO
CONTEMPLA-LO SÓ NÃO ME BASTA
LHE APANHO NUM ALÇAPÃO
E AGARRO-O DE FORMA RUDE
NEM NOTO QUE MINHA ATITUDE
PODE LEVA-LO A EXTINÇÃO
COLOCO-O NUMA GAIOLA
LHE DOU ÁGUA E COMIDA
ASSUSTADO TENTA FUGIR
SUA ASINHA ESTÁ FERIDA
DEPOIS DE TANTA CRUELDADE
E PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
JÁ ESTÁ MEIO SEM VIDA
COM UM MÊS APRISIONADO
É QUE PUDE PERCEBER
JÁ PERDERA TODA GRAÇA
NÃO DÁ MAIS PRA CONHECER
ESTÁ MUITO MACHUCADO
SOFRENDO POR UM PECADO
QUE ACABO DE COMETER
E COM DOR NA CONSCIÊNCIA
NÃO ENCONTRO MAIS RAZÃO
PARA MANTE-LO RECLUSO
E ABRO A PORTA DA PRISÃO
NÃO CONSEGUE SE SUSTER
ENTÃO SE PÕE A CORRER
PERDIDO SEM DIREÇÃO
CORRE PELO DESCAMPADO
PARA ESCAPAR DA MORTE
SEM PODER LEVANTAR VOO
PRECISA SER MUITO FORTE
COMO A AVE ESTOU SOFRENDO
IMPOTENTE VOU TORCENDO
PRA QUE ELA TENHA SORTE
ME ARREPENDO DO QUE FIZ
APRISIONAR UM INOCENTE
DEIXANDO ELE DEFINHAR
NUMA PRISÃO DEPRIMENTE
LA NA MATA ABANDONADA
CANTA TRISTE SUA AMADA
UMA TOADA COMOVENTE
ME SINTO MUITO FRUSTRADO
PELA FALTA DE NOÇÃO
SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO
LHE DARIA OUTRA OPÇÃO
MAS NUNCA É TARDE O BASTANTE
DEPOIS DO FATO CHOCANTE
EU APRENDI A LIÇÃO
DÓI A MINHA CONSCIÊNCIA
PELA MINHA INGRATIDÃO
LHE PRIVEI DA LIBERDADE
SÓ PRA SENTIR A EMOÇÃO
DE APRECIAR SUA BELEZA
O SEU CANTO SUA LEVEZA
QUE TANTO CHAMA A ATENÇÃO
DEIXE A NATUREZA EM PAZ
QUE ELA É SÁBIA O SUFICIENTE
ELA SE CONDUZ SOZINHA
DEIXA QUE ELA SIGA EM FRENTE
POIS A NOSSA INTERVENÇÃO
SÓ TRARÁ DANO E DESTRUIÇÃO
PRA TODO O MEIO AMBIENTE
FIM