Fé é areia movediça e a paz na ponta de uma pinça

Terra neutra e de ninguém

Me parece este país

Que não produz, vive aquém

De vida de meretriz

Povo parece que é feliz

Mas a aparência é fingida

E a miséria vai além

De uma moral pervertida.

O povo sonha um futuro

De poder, luxo e vaidade

E fica em cima do muro

Pescando a felicidade

Sem saber que por descuro

O mal se alastra, em verdade

E toma conta de tudo

Sem nunca ter saciedade.

Saqueada o tempo todo

Na maior corrupção

Transforma a riqueza em lodo

Por tamanha exploração

E deixa um rastro de morte

Por ambição e esporte

De quem nem é cidadão.

A tristeza é muito grande

De cortar o coração

Vendo o país dizimado

Por sua população

Que não vota com cuidado

Nem fiscaliza a eleição.

Com tratamento de gado

Levado pro matadouro

Sequer se vê seu miado

Da liberdade nem cheiro

Feito porco no chiqueiro

Oferta a ser dizimada

Do esforço leva nada

Sem futuro e sem dinheiro

Sem sequer identidade

A imitar o indigesto

Sequer pensa na acuidade

Que o obriga a ser honesto

Segue em barco de papel

Na ilusão de vencer

Mas qualquer amanhecer

Será grande frustração.

Nenhuma flor malmequer

Mudará o seu destino

Brincadeira de menino

Forjou a sua desdita

E no berro da cabrita

No franco balacobaco

O que lhe sobra é esse naco

De fé, mas em Deus nenhum.

Correndo atrás de zum zum

De jornalismo fajuto

Fake news, demônio astuto

Vive perdido e sem rumo

Felicidade é só fumo

Do cachimbo do capeta

Que joga malacacheta

E aposta o seu futuro

E ainda toca a trombeta.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 23/10/2019
Reeditado em 24/10/2019
Código do texto: T6777326
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