O Juiz Injusto – Parábola Atualizada

Havia em uma cidade

Que pode ser qualquer

Um certo juiz injusto

E também uma mulher

Viúva de um tal augusto

Que a qualquer custo

Com o juiz queria ter.

Por um homem perverso

Ela estava injustiçada

Por um aproveitador

Estava sendo roubada

Mas não queria favor

E sim um mediador

Que desfizesse a cilada.

Porém não queria saber

O então meritíssimo

Por nada se importava

O nobre digníssimo

No entanto implorava

A viúva que clamava

Pelo tal ilustríssimo.

Ela tanto insistiu

Que o homem da lei

Consigo mesmo refletiu

“Dessa mulher me cansei

Pra cima de mim investiu

Tantas vezes que conseguiu

O que pede eu lhe farei.”

(Lucas 18, 2-5)

Agora vou atualizar

Essa parábola do Senhor

A história é parecida

De outro juiz sem amor

Que não liga pra vida

De Deus ele duvida

E não lhe tem temor.

Esse que agora falo

Não liga pra constituição

Ascender é sua meta

Por isso não mede ação

Nem sua postura é correta

Não faz a coisa certa

Mas viola a legislação.

A justiça não lhe comove

Mas se algo compensar

Ele não precisa de prova

Para um inimigo condenar

Aos fatos ele dá uma ova

Na lei ele dá uma sova

Se a causa lhe interessar.

O juiz faz conchavo

Costura um bom acordo

Com os tais promotores

Se o acusado é boi gordo

Manda os investigadores

Irem atrás dos rumores

Até haver um transbordo.

Este também gosta

De ouvir uma parte

Do povo que manifesta

Tendo um bom baluarte

Ou um bom ferro na testa

Quando no fim faz festa

Ostentando seu estandarte.

Agora ele quer mudar

A Carta Magna do país

Pois fazer carreira

É o que quer o tal juiz

Nem percebe a asneira

Ao agir dessa maneira

Revelando intenções vis.

Mas quando ainda

Estava no julgamento

Procurou-lhe um candidato

Sem o menor constrangimento

Propondo-lhe no mandato

E isso não é só boato

Um bom envolvimento.

E ministro se fez

Aquele que condenou

O adversário maior

Pois muito fácil ficou

Para o capitão mor

Não levar a pior

Quando chefe se tornou.

Comparando à parábola

Que está na Escritura

Os juízes ouvem o clamor

O primeiro da pobre criatura

Que não quer fazer terror

Mas depende do humor

Da então magistratura.

Ela só quer que a justiça

Seja feita em sua causa

Não deseja privilégio

Mas pede para ser salva

De um terrível sacrilégio

E pede veredicto régio

Sem nenhuma ressalva.

O segundo juiz injusto

Anseia pelo poder

E faz o que pode

Para o que deseja ter

Até dança um pagode

Faz aliança com o bode

Ou mais que possa fazer.

A lei é um detalhe

A ética não lhe importa

Ele faz politicagem

A verdade lhe está morta

Não teme fazer bobagem

Tem apoio na bagagem

Inimigo ele deporta.

Aberio Christe