A VERDADEIRA HISTÓRIA DO AZARADO ROMÃO
Vou contar nesse momento
Uma história do passado
De um menino que nasceu
Deveras muito azarado
Já nasceu segunda-feira
Em um quartinho apertado.
 
Nasceu com falta de ar
E no parto quase morreu
O médico se enganou
E em sua cara bateu
Pensando que era bunda
Que o choro recolheu.
 
E na primeira mamada
Quase morreu afogado
Foi com muita sede ao peito
Ficou com o nariz fechado
Deu um espirro tão forte
Foi leite pra todo lado.
 
Saiu o leite por cima
E veio o peido por baixo
Um estrondo assustador
E um fedor do diacho
A fralda dele ficou
Igual a boca de um tacho.
 
Mas vamos falar um pouco
Desde o seu concebimento
Numa madrugada fria
Num relance de momento
A sua mãe porre agarrou
Outro bêbado rabujento.
 
Então no dia seguinte
Nem se lembrava do tal homem
Para dizer a verdade
Nem mesmo lembra o nome
Se quem deixou a semente
Era gente ou lobisomem.
 
Só quando veio os enjoos
Foi que a “ficha caiu”
Era uma gravidez
E logo o povo viu
Sua barriga crescendo
Até o dia que pariu.
 
 
E para escolher seu nome
Foi grande a indecisão
Sua mãe queria Arthur
Seu avô, Sebastião,
Sua avó gritou mais alto
Disse o seu nome é Romão.
 
Então Romão foi crescendo
Quando completou um ano
O cachorro do vizinho
Quase o mata por engano
Confundiu-o com uma mucura
Quase come o ser humano.
 
Aos dez anos foi trepar
No pé de uma goiabeira
Pegou uma queda feia
E quebrou a “cantarareira”
Quase que via Jesus
Saiu falando besteira.
 
Aos quinze ficou gaiato
Já queria namorar
Porém a fisionomia
Em nada vinha ajudar
As meninas riam dele
Era feio de lascar.
 
Porém um dia encontrou
O ”amor da sua vida”
Tinha um nó na garganta
Vestia só calça comprida
E só queria beijar
Se fosse as escondidas.
 
Até que um certo dia
Já meio desconfiado
Encheu a mão no pacote
E saiu desnorteado
Levava gato por lebre
Passou um mês desolado.
 
Mas depois ficou pensando
É melhor ter um na mão
Do que dois pássaros voando
Assim meditou Romão
Então engatou namoro
Disse, preconceito não!
 
Então com dezoito anos
Romão resolveu casar
Porém em seu casamento
Vejam só quanto azar
A “noiva” fugiu com outro
Deixou-o só no altar.
 
Romão saiu da Igreja
Encheu a cara de cana
Dormiu pelado na praça
Gastou toda a sua grana
E dormiu de perna aberta
Ali jogado na grama.
 
Filmaram o pobre coitado
E jogaram na internet
De manhã ele acordou
Ao lado da lanchonete
Quando soube da presepada
Veio a depressão da peste.
 
Até pensou se matar
O coitado do Romão
Quando saía na rua
Servia de zoação
Porém depois de algum tempo
Deixou aquilo de mão.
 
Levou um chifre do “bofe”
E não conseguiu casar
Foi então que ele pensou
E resolveu estudar
De tanto que batalhou
Ele conseguiu formar.
 
Mudou daquela cidade
E passou em medicina
Virou “doutor” o danado
Começou “chover” menina
No entanto, se zangou
Com as “Marias gasolinas”.
 
Virou médico bem sucedido
E pensava a todo instante
Casar com uma mulher
Porém ficava ofegante
Pois com os traumas da vida
Isso era torturante..
 
Porém um dia surgiu
Uma jovem do interior
Sem saber quem era aquele
Por ele se apaixonou
Só depois de muito tempo
Falou que era doutor.
 
E já com quarenta anos
Casou o doutor Romão
Com sua amada Rosilda
Fez ele o maior festão
Dessa vez não teve “fora”
Terminando em confusão.
 
Mas Romão comeu o pão
Que o tal do Diabo amassou
E com todas as desgraças
De decepção e dor
Finalmente conseguiu
O seu título de doutor.
 
Fica a você a lição
Que é muito feio e pobre
Que nasceu sem ter família
Mas tem o espírito nobre
A tempestade o derruba
Porém aproveite a chuva
Porque plantando se colhe.
 
JOEL MARINHO