ASSÉDIO

Voejando veio o verso

Se insinuando para mim,

Mas como eu pouco converso

Dei-lhe um tiro de festim,

Foi parar noutro universo

Onde mora o querubim.

Não sou poeta ora essa

E não tenho compaixão,

Esse assédio só me estressa...

Não tolero muito não,

Mas ele vem e confessa

Por mim a sua paixão.

Toda noite é uma agonia;

Não consigo mais dormir,

Ele vem me acaricia

E diz que não vai sair,

Já parece uma fobia

Esse eterno persuadir.

Disfarço tudo o que posso

Para ver se ele se toca,

Às vezes até engrosso:

-Volta lá pra sua maloca.

Depois eu rezo um pai nosso

Senão chumbo a gente troca.

É do tipo pegajoso

E tem lá sua artimanha;

Me chama de preguiçoso

E com isso ele me ganha,

Não quer me ver ocioso

Então faço uma barganha:

Deixo ele fazer parte

Desde que seja em cordel,

E que ele entre com a arte

Que eu entro com o papel,

Antes mesmo que eu enfarte

E que vá acordar no céu.

Kid verso
Enviado por Kid verso em 15/01/2020
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