QUEM NÃO SE COMUNICA SE ESTRUMBICA

QUEM NÃO SE COMUNICA SE ESTRUMBICA

Francisco Luiz Mendes

Um fulano amigo meu

Deu-me uma sugestão

Para fazer um cordel

Na popular expressão

Que “quem não se comunica

Certamente se estrumbica”

Aí está a questão.

Entretanto ele me disse

Seu moço preste atenção

Em minha vida vivida

Já percorri muito chão

Muito tenho observado

Pelo que tenho notado

Nada mudou o cidadão.

Pois veja que muito bem

Esse amigo assim dizia

Ainda tem muita gente

Bem fora de sintonia

É para não acreditar

O que vou lhe relatar

O que eu vi outro dia.

Abobalhado ainda estou

Com o que presenciei

A tal cena que assisti

Até me envergonhei

Vi naquele cidadão

A falta de difusão

E mais perplexo fiquei.

Aquele caro sujeito

Ali naquele aperreio

Tentava usar o orelhão

Não achava manuseio

Então eu pensei assim

Quão esse papa-capim

Neste Brasil está cheio.

Tal qual foi sua alegria

Ao me ver se aproximar

Ligeiro me consultou

Se eu podia auxiliar

Vendo aquele sufoco

Eu respondi-lhe no toco

Em que posso lhe ajudar?

Cidadão me agradeceu

Por ter sido auxiliado

E comigo retruquei

Já diz o velho ditado

Que “quem não se comunica

Evidente se estrumbica”

E hoje foi confirmado.

O sicrano prosseguia

Na sua argumentação

Falando sobre política

Futebol e educação

Contudo, ficou intrigado

Com aquele diplomado

Confuso lá no orelhão.

Outro ouvinte interagiu

Dizendo suavemente

O que está a comentar

Eu concordo plenamente

Tanto no Brasil de outrora

Quão ainda neste agora

Nada vejo diferente.

O audiente progredia

Dando sua opinião

Citando mesmo exemplo

Já com outro cidadão

Que também era formado

E ficou todo enrolado

Usando o dito orelhão.

Assim sendo ele segue

Outro episódio lembrou

Na fila de certo banco

O que ele presenciou

Meu caro, fique ciente

Acredite ainda tem gente

Em nada se adaptou.

No entanto, creia você

Que falta de informação

Esse sujeito na fila

Ecoava, era um trovão

Então mal ele entendia

Nova tecnologia

Tava ali na sua mão.

Ele segue proferindo

Mais ocorrência citando

Meu caro amigo senhor

Cada dia piorando

Povo não quer nem saber

O que está pra acontecer

Nesse bonde vai entrando.

A prosa seguia firme

Rumo à Praça Mauá

Falava-se então do preço

Do arroz e do seu fubá

Da margarina e do pão

Da farinha e do feijão

Até o suco de cajá.

Mas o tema principal

Era comunicação

Questionava o porquê

A falta de interação

Tanta tecnologia

Ainda hoje em dia

Oculta-se informação.

Tem gente que ainda prefere

Suar na fila dum banco

Que importa horas, minutos

Até mesmo ficar manco

Dali não arreda seu pé

Ali permanece até

Derradeiro solavanco.

Tem aquele que rezinga

Eita! Sujeito mais lento!

Porém bem ao seu dispor

Está o autoatendimento

E ninguém lá quer saber

Prefere a unha roer

Na fila soprando vento.

Existe o que ignora

Até uma televisão

Achando que esse veículo

Nada tem de educação

Só tem coisa vergonhosa

Além de escandalosa

É antro da perdição.

E tem gente que só lê

Uma folha do jornal

Unicamente aquela

Pendurada num sisal

Outro texto nem olhou

Só leu o que interessou

Nada mais especial.

Internet por exemplo,

Poucos têm aptidão

É nela que se encontra

Uma vasta informação

Qualquer tipo de notícia

Autêntica ou fictícia

Está à disposição.

Tem gente que até duvida

Que o homem foi à Lua

Deparei-me certo dia

Com dois amigos na rua

Um disse pro outro assim

E você zombou de mim

Com essa conversa sua.

Espantado ali fiquei

Escutando a discussão

Falei comigo meu Deus

Isso é uma aberração

Como ainda tem gente

Que vive tão displicente

Afora nesse mundão.

Eu deixei os dois ali

Segui minha caminhada

A seguir eu já encontrei

Aquela fila alongada

Lá fui ver o acontecido

E fiquei estarrecido

Com motivo da parada.

Aquele povo estacado

Esperando o banco abrir

E do autoatendimento

Ninguém lá foi se servir

Veja que situação

Naquele enorme filão

Mais gente vinha se unir.

Pleno século vinte e um

É para não acreditar

Mas como tem muita gente

Que também não sabe usar

O que está ao seu dispor

Com tudo isso a favor

E pro mundo se agregar.

Faz parte desse roteiro

Também nossa educação

Porém para isso é preciso

Captar informação

Ouvinte assim comentou

Ao mesmo tempo explicou

Valor da comunicação.

Outro sicrano também

Soltou sua opinião

Com segurança lhes digo

Não vejo qual a razão

Para alguém se omitir

Só procurar ler e ouvir

Jornal ou televisão.

É aí que está o quê

Oh, meu caro camarada!

Esses que dizem saber

Eles não sabem nada

Eu sou testemunha viva

Cena pateta e exclusiva

De pessoa diplomada.

E na falange terrestre

Continuava o influente

Meu velho amigo lhe digo

Afirmo-lhe consciente

Até com exatidão

Nos moldes da educação

Já eduquei muita gente.

Dentro dessa integração

Também fui me educando

E conhecendo pessoas

De tal modo me informando

Hoje eu tenho prazer

De comentar e dizer

A vida foi me ensinando.

Por isso que lhe pedi

Pra você cordelizar

Este tal velho ditado

Que tanto se ouve falar

Que “quem não se comunica

Pela vida se estrumbica”

Ou vê a vida passar.

Baseado no ditado

Eu lhe dei total razão

Observando tais coisas

E cheguei à conclusão:

Que “quem não se comunica

Com certeza se estrumbica”

E eis aí a questão!

FIM.

Francisco Luiz Mendes
Enviado por Francisco Luiz Mendes em 25/03/2020
Código do texto: T6897235
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