NO TEMPO DOS ENGENHOS

Os engenhos de açúcar

Fez fortuna neste agreste,

Prosperou a Paraíba

A um preço caro, inconteste!

Porque toda a mão de obra,

Sem perdão, sem dó, sem sobra,

Era escrava no Nordeste!

Os engenhos fabricavam

Muito açúcar, rapadura,

E até mesmo a cachaça,

Consumida com fartura.

Enquanto que prosperava

Por aqui os coronéis,

Os escravos apanhavam

Com correntes nos seus pés!

A esse preço tão caro

Desenvolveu-se a cultura,

O dono da terra, avaro,

Com a cara fechada, dura,

Tratava, pois, seus escravos

Com tamanha ditadura,

Que os coitados só tinham

Direito a comer farinha,

Muitas vezes sem mistura!

Assim Pilar se expandiu,

Tornou-se terra importante,

Conhecida no Brasil

Por produtora possante

De açúcar bom e constante,

Cultivado nas vazantes

Do Paraíba do Norte.

Por causa do desempenho

De seus quarenta engenhos

Pilar se tornou tão forte!

Que até Dom Pedro II

Veio à Vila do Pilar,

Fez questão de conhecê-la,

Queria lhe contemplar.

Foi no século XIX,

No ano cinquenta e nove,

Que seu Beija-mão promove

Para os nobres do lugar!

Pilar viveu sua glória

Nos primórdios do país,

Que pena que escravocrata,

Cobrando dura cerviz!

Pois a história é que diz

Que nenhuma prosperidade

Paga o preço da liberdade,

De ir e vir... de ser feliz!!!