VIVER NO SERTÃO

Os ventos chegam do norte

Trazendo pesadas nuvens,

Os trovões no alto rugem

Na terra do homem forte,

Este a Deus agradece,

Vê no céu raios em lampejos

Que trazem ao sertanejo

Um novo chão que floresce.

Mas quando a seca atormenta,

Racha o chão, o tempo arde,

Treme o sertão, é alarde,

Só quem é forte aguenta,

A insolação só aumenta,

Secam rios, queima suas margens,

Evaporam açudes, barragens,

O sertanejo triste lamenta.

A dor vem em seu coração

Ao ver ali tanta estiagem

Nas plantações e pastagens,

É penar e desolação,

Mas mesmo na assolação

Luta com galhardia,

Com garra, noite e dia,

Para não deixar sua "nação".

Neste pedaço de chão

O sol carmim castiga, desce,

Até parece que Deus esquece

Do homem de procissão,

Nos olhos: lacrimação,

Mas corpo o não esmorece,

Anoitece e amanhece

Com fé, suor e ação.

No peito tem esperança,

Sob o sol abrasador,

De vir a sorte, ir a dor

E ver as chuvas, bonança,

Espera e nunca se cansa,

Se levanta e se refaz,

É lutador contumaz,

Resiste, vitória alcança.

Numa briga de desiguais

Com a seca, que é desumana,

A sua audácia é soberana

Sobre o maior dos rivais;

Chuvas nunca são demais

Neste solo tão sofrido,

Seco, árido e desprovido

Das águas essenciais.

Ventos vêm e ventos vão,

Se vem com chuva é fartura,

Esplendor na agricultura

E vira um "Éden" o "torrão",

Passa a brotar no sertão,

Verde no campo e na serra,

Chuva que molha a mãe terra

Para gerar frutos e "pão".

Sem chuva não há perdão,

Para viver é ter coragem,

Vencer a seca selvagem,

O calor e o "calo da mão",

Ter na lida, disposição

Para ter sobrevivência

E a bravura é a essência

Dos que vivem no sertão.

FIM

Fantástica interação do mestre Antonio Galdino

Sertanejo cabra da peste, homem forte do sertão, não teme nem a morte, que venha ela de foice ou facão, ele põe em jogo a própria sorte mas não se entrega nem abandona o chão do sertão!

JSFreire
Enviado por JSFreire em 10/12/2020
Reeditado em 08/03/2023
Código do texto: T7132656
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