DESAFIO EM OITAVAS AGALOPADA

Heleno Alexandre & Jonh Morais

(Oitavas em Desafio)

Heleno

Duelistas ilustres do passado

Quase todos fugiram de mansinho

Umbelino com quem já fui duplado

Hoje em dia talvez glose sozinho

Marcelane Araújo caiu fora

Fabiane Ribeiro foi embora

Jonh Morais que voltou, vou ser agora

Uma pedra de novo em seu caminho

Jonh

Nunca teve obstáculo ou desalinho

Que ultrajasse o que traz minha carreira

Pra Iponax eu fui pior que espinho

E o temor de Adelino e de Bandeira,

Djair me enxergava como astro,

Leonel não pagou nem o meu rastro

Feito tantos que fogem do cadastro

Com você não vai ser de outra maneira.

Heleno

Você já começou dizer besteira

Pra provar que é fraco como antes

Se você for cantar, será na feira

Que ninguém vai lhe pôr nos restaurantes

A plateia lhe chama de coroa

Que lhe pague não acha uma pessoa

Pra quem gosta de poesia boa

Os seus versos não são interessantes

Jonh

Os meus versos nos grupos são marcantes

Que até mesmo ausente eu marco espaço

Os mais próximos sem dúvida estão distantes

Naufragados nas águas do fracasso.

Personificação da competência,

Contrassenso é negar a evidência

Que aos rivais eu sou uma referência

E que transbordam inveja do que faço.

Heleno

Se na arte tivesse panelaço

A zoada em seu prédio era medonha

Você com enfermagem tem um laço

E está hoje onde muita gente sonha

Com doentes você se preocupa

Mas em briga poética, escuta: chupa!

É melhor salvar gente aí na UPA

Que matar nossa arte de vergonha

Jonh

É melhor que você se recomponha

Que entenda poesia e que forneça

Você baixa o calão que envergonha

O mais tosco ouvinte que apareça,

Um incauto imerso em fantasia

Mentecapto em matéria de poesia

Pra quem diz trabalhar com engenharia

Tá faltando estrutura na cabeça.

Heleno

Diga o que quiser, mas não esqueça

Que até Dantas também reconheceu

Que sou forte, e durão que me obedeça

Inda tem, como sempre apareceu

Uns declamam com emoções sem gritos

E os que são bons demais nos manuscritos

Admitem que os versos mais bonitos

De dez anos pra cá quem faz sou eu

Jonh

Seu declínio transpõe meu apogeu

E a ilusão de ser bom sem ser nem vice

Só sucumbe de vez o verso seu

Nas areias instáveis da mesmice

Não precisa ser muito preparado

Que o seu despreparo mostra o dado

E se Dantas não for equivocado

Está sofrendo os reflexos da velhice.

Heleno

Eu não sou tolerante com tolice

Pra ouvir certas coisas sem sentido

Na escola onde o foco é a burrice

Você teve o diploma conferido

Por defeitos na lucidez de Dantas

É o mesmo que diplomar as antas

Botar culpa nas águas ou nas plantas

Por o mundo está está sendo destruído

Jonh

Cinco estrofes que o público já tem lido

E que atestam que o oponente é fraco

Seus recursos de poeta falido

São coveiros cavando o seu buraco.

O que noto é uma luta discrepante

De um anão dando socos num gigante,

Uma formiga mordendo um elefante

E é porque só defendo e não ataco.

Heleno

Você tenta bilhar, mas como opaco

Vai morrer sem nem ver a minha luz

Pra chegar entre os nomes que destaco

Vai soar igual pano de cuscuz

Pra tentar se livrar dos afazeres

Sem poder quer tomar outros poderes

Abre mão dos diretos e deveres

Pra puder escapar da própria cruz

Jonh

Você faz latumia e não seduz

Desperdiça um espaço oportuno.

Muito célere seu prestígio reduz

Deveria aprender com seu tribuno.

Minha máquina de versos não dá prego,

Quanto mais eu prometo mais entrego

E se meu brilho de luz deixa o sol cego

Imagine você que é meu aluno.

Heleno

Não lhe chamo de rato nem gatuno

Mas você rouba a própria consciência

Se um Corola não perde para um Uno

Não tem como alcançar minha potência

Aprendiz, meu respeito não terá

A menino eu não dou colher de chá

Inda ter que ouvir seu blá blá blá

É preciso ter muita paciência

Jonh

Hoje vou ser a sua referência

Vá escrevendo as lições como um roteiro,

Dois neurônios é a única exigência

Para ser meu discípulo e companheiro

Se tiver tome nota da lição

Não é carro que faz um campeão

É o piloto que está na direção

E na Indy dos versos sou primeiro.

Heleno

Nesse nosso duelo eu fui grosseiro

Mas também desafio é desse jeito

Mesmo sem disputar taça ou dinheiro

Levar peia nos versos não aceito

Mais você tem excesso de bravura

Se eu não lhe segurei ninguém segura

Entre os nomes maiores da cultura

É o seu que ainda eu mais respeito

Jonh

Um exemplo de causa e de efeito

É o que nós colocamos na ribalta

Brincadeiras a parte, o seu conceito

Se mantém numa média sempre alta

Sua estrofe o público pede e ama

A poesia mantém a mesma chama

Pode sempre faltar dinheiro e fama

Só que verso bem feito nunca falta.

Heleno Alexandre
Enviado por Heleno Alexandre em 06/08/2022
Reeditado em 07/08/2022
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