Natal, presentes e ausências

Não é só presente, nem só dinheiro, mas tradição. O natal vem passando de geração em geração e simboliza muitas coisas, para pessoas diferentes. Para crianças bem pequenas pode ser que ainda acreditem que Papai Noel vai trazer um presente se ela se comportar bem, como diz no meu outro texto de 2009, Noite de Natal (http://www.recantodasletras.com.br/cronicas-de-natal/1992163) . Ou no outro texto de 2010, Natal abrace todos os dias (http://www.recantodasletras.com.br/mensagens-de-natal/2689764) que fala dos sentimentos e da proximidade rotineira da família nessas datas.

Então porque fazer novos textos se ontem mesmo e todos os anos seguintes nos últimos seis anos eu já compartilho aqueles textos e os sentimentos nem mudaram tanto? Porque quando aqui escrevo novamente sobre essa data eu tenho 37 anos e estou no Ancuri, “casado” com uma nova esposa e tenho a filha dela, como minha também. E apesar de já ter morado com uma mulher outra vez, essa é diferente a experiência em faz pensar melhor em todos os passos s seguir.

Natal é uma data mercadológica e que sempre faz as pessoas mesmo diante de uma crise econômica se deslocar para o centro da cidade, na feira da José Avelino, ou em algum Shopping espalhado por ai e comprar a roupa nova, o amigo secreto, a ceia farta. Não vi nesse ano, a cidade tão iluminada assim, as luminárias estavam apenas em propriedades privadas. Os eventos se repetiram. As crianças nas janelas do Excelsior Hotel, a chegada do bom velhinho, etc.

Sem saber, o porquê, aquela sensação sempre nos domina o coração, lá no fundo da nossa alma, nós sentimos uma leveza se apossar da gente, uma vontade mesmo que temporária de abraçar, apertar a mão. Mas de quem? Quem é importante para nós? O ano todo é difícil, muitas situações passamos e a vitória é ter chegado até aqui. Mas perguntamos a que preço? Chegamos aqui e temos que olhar para trás e rever onde cada um de nós errou.

Eu vejo que o Natal é uma passagem de que devemos esquecer o que passou e seguir em frente. Pedem-nos para deixar para lá todos os mal que nos fizeram uns aos outros e se perdoarmos cegamente. Eu pergunto e importa alguém aperta minha mão e não mudar o comportamento? Ou mesmo eu abraço falsamente uma pessoa que passei o ano falando mal?

Meu tio Gerardo Alves esse ano partiu, tão jovem, levado, como outros pelos maus hábitos alimentares e sedentarismo, mas que deixou seu legado com sua comunidade e sua família em particular, apesar de outra parte da família não tinha essa proximidade com ele, por talvez crenças e religião diferente. Então barreiras pequenas que afastam pessoas por toda uma vida e o Natal podem curar tudo isso? Só um dia no ano é suficiente? Talvez sim e talvez não. Prefiro ficar com a imagem boa que tive dele, da sua emotividade e sua vida como pai de família amado por mulheres e filhos.

Natal ele nos dá apenas um instante de esquecimento de diferenças, depois voltemos a rotina de brigar por futebol, por política, por religião, por quem é santo ou não, etc. Que essa data passe logo e nós sejamos melhores todos os dias, porque só hoje quando o presépio está montado e a solidão bate nossa porta não importa tanto, pois todos estão carentes de amor.

Carlos Emanuel
Enviado por Carlos Emanuel em 23/12/2016
Reeditado em 23/12/2016
Código do texto: T5861399
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