Presépio, 
      um presente franciscano




              "... então eles foram alojar-se numa
              Estrebaria , e nessa estribaria Jesus               nasceu"  -  
                             Charles
Dikens
 

        Itália, 24 de dezembro de 1223. 
       Na região do Lácio, província de Rieti, fica a cidadezinha de Greccio. Nessa cidade, nasceu o presépio franciscano.
       Hoje estive em alguns Shoppings de Salvador. Posso dizer que o movimento nas lojas já é surpreendente; e que canções natalinas, que tanto adoro, já são ouvidas nos seus corredores, pracinhas e alamedas.
        Gigantescas e cintilantes árvores de Natal foram plantadas em locais estratégicos.
        Há gorduchos Noeis espalhados por todos os cantos, sempre cercados por dezenas de crianças. Todas querendo, claro, uma foto com Papai Noel. 
        Mas, em todos os Shoppings que visitei, vi poucos presépios. À amiga que me acompanhava, manifestei minha estranheza. E ela também se disse surpresa.
        Aproveitei para lhe contar um pouco da encantadora história do presépio.
        Uma história que, apesar de recontada por muitos através dos séculos, não faz nenhum mal que a repitamos; até para que nossa gente, hoje mais preocupada com os presentes de Natal, a conheça, ainda que resumidamente.
         Nos sentamos numa mesinha de uma lanchonete. Ela pediu um sorvete de chocolate. E eu, uma cervejinha. Para tira-gosto, aceitei a sugestão da casa: azeitonas pretas e pedacinhos de queijo provolone. E o meu colesterol?  Ah, deixemos isso pra lá.
       E comecei, assim. Amiga, não preciso lhe dizer, que, sem o presépio, o Natal perde seu sentido e seu encanto.  Ele deve predominar no cenário natalino. Afinal, comemora-se a Natividade de Jesus. Venha o presépio antes dos pinheiros iluminados e dos sacos de presentes.
        Ela me interrompeu, para perguntar: "É verdade que foi São Francisco de Assim o inventor do presépio?" Respondi-lhe que, a rigor, não. Embora ele seja, desde 1986, festejado como o seu patrono. E com justiça, como você verá. 
       Dizem os historiadores, que o presépio já "fazia parte dos hábitos da época de festas nas catedrais romanas" muito antes de Francisco de Assis criar o presépio de Greccio. Ela, então, quis saber por que presépio de Greccio.
         Há 748 anos, amiga, na pequenina cidade italiana de Greccio, ou Grécio, nasceu o que passo a chamar de presépio franciscano. Franciscano porque foi São Francisco o seu idealizador. 
         E prossegui. Para criá-lo e lhe dar um perfil original, Francisco buscou inspiração no Antigo Testamento. Um texto do profeta Isaías diz: "O boi conhece o seu dono, e o jumento conhece a manjedoura de seu patrão."
        O presépio de Francisco de Assis, ou seja, o presépio de Greccio, era exatamente assim: um Menino posto sobre a palha entre um boi e um burrinho ou jumentinho.         
       Que simplicidade, hein, amiga!
       Segundo frei Tommaso da Celano, seu biógrafo, o presépio, na intenção do Poverello, devia representar a humildade e a pobreza. Nada mais do que isso.
        A "evocação da Natividade", tal como o santo seráfico a idealizou, é hoje, através dos presépios, praticada em todo o mundo. Dizem, que até em países ateus! Circulam notícias de que o padre José de Anchieta, com a ajuda dos nossos índios, foi quem construiu, em 1552, o primeiro presépio no Brasil. 
        Por tudo isso, amiga, digo e repito, que o presépio é um presente franciscano. Antes de Greccio, pouco se falava sobre a manjedoura do "Bambino de Belém", o mais ilustre aniversariante deste mês... 
               Nota: Francisco de Assis por El Greco, na foto.

    
        

        
      
 

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 02/12/2007
Reeditado em 29/12/2020
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