UM BOLO GRANDE DEMAIS, CONVIDADOS DE MENOS E UM AUTORAMA NO FIM

UM BOLO GRANDE DEMAIS, CONVIDADOS DE MENOS E UM AUTORAMA NO FIM

Existem aniversários inesquecíveis — e existe o meu, de 10 anos.

A promessa era de uma grande festa: pipoca, algodão doce, brincadeiras de montão. Para facilitar, meu tio disponibilizou uma Kombi para buscar a garotada. No horário combinado, a buzina soou. Corri ansioso até o portão. A Kombi parou, as portas traseiras se abriram em duas bandas... e desceram Luís Eduardo e sua irmã, Maria Cristina. Pronto. Lotação esgotada.

O motorista deu meia-volta, e eu fiquei ali, com dois convidados e uma mesa de doces, tentando fazer uma festa caber num espaço vazio.

Contudo, ainda foi melhor do que meu aniversário do ano anterior, comemorado na Lagoa Manoel Felipe — hoje, Cidade da Criança —, onde, ao tentar entrar num pedalinho, caí nas calmas águas da lagoa. Não sei como ainda cresci uma pessoa normal (será que cresci?) depois desses atropelos.

Mas nada foi mais frustrante do que completar 11 anos. Meu amigo, veja bem: até essa data eu tinha passe livre numa loja de brinquedos cujo nome ainda me lembro com saudade — Casas Garcia. Isso significava que eu podia entrar na loja e escolher o presente que quisesse. Apenas um, é verdade, mas qualquer um. Até completar essa idade foi uma beleza: Forte Apache, caminhão de bombeiros, carrinhos com pilha... tudo o que eu queria, e, na pureza da criança, o valor não tinha nenhuma influência.

Aí tudo mudou. Aos 11 anos, para deleite do pessoal da loja, escolhi um autorama. Foi minha última incursão pelos corredores daquele paraíso chamado Casas Garcia.

Posso garantir que, depois desses traumas registrados na memória até os meus lindos e maravilhosos 66 anos, os convidados para comemorar essa grande data ficaram restritos à minha mulher e filha. Pelo menos, se tiver um mico, fica em família.

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