Crônica: O INSS e o País das Maravilhas (sem Alice
Imagine um país onde a burocracia reina absoluta. Lá, os números ganham vida própria, os papéis se multiplicam sozinhos e os direitos, bem... esses somem como num passe de mágica. É nesse cenário que vive o INSS, um castelo com muros altos e muitos guardiões. Eles juram proteger os tesouros do povo — aposentadorias, pensões, o suor de uma vida inteira —, mas de vez em quando, esses tesouros somem. Assim, do nada. E ninguém sabe dizer como.
Quem perde, claro, é sempre o povo. Gente que trabalhou décadas, agora assiste sua aposentadoria virar fumaça enquanto tenta entender o que aconteceu. Os responsáveis? Esses correm para se proteger, alegam erros técnicos, falhas nos sistemas, revisões intermináveis. Já o governo... promete apurar, investigar, resolver. Mas só depois. Sempre depois. Depois do próximo relatório, da próxima eleição, do próximo cofre cheio.
E quanto mais se fala em "transparência", mais difícil é enxergar para onde o dinheiro vai. Os discursos sobre justiça social são bonitos, emocionam até — mas na prática, os desvios continuam, cada vez mais sofisticados, cada vez mais descarados. A gente até ri, porque chorar já cansou. Ou chora rindo, vai saber.
Enquanto isso, quem cuida do sistema tropeça nos próprios erros, como se o chão do prédio fosse feito de sabão. E do lado de fora, o povo olha tudo com aquela expressão cansada de quem já viu essa peça umas dez vezes — e sabe que, no fim, a piada é sempre com a gente.
O que resta? Esperar que um dia o país acorde desse conto de fadas ao contrário. Porque até lá, o INSS continua sendo o lugar onde a dignidade envelhece mal, e o único “felizes para sempre” é o de quem nunca precisou dele pra viver.