Quando não cabe mais, é hora de ir

A novidade tem um quê de brilho nos olhos. Um novo trabalho. Uma amizade que começa devagarinho. Aquela roupa que parece mudar o corpo e o dia. O endereço desconhecido que desperta curiosidade. O carro que ainda não tem cheiro de rotina.

Gosto dessa sensação de começo. Do frescor. Do imprevisível que faz cócegas. Mas há outro tipo de novo que não é festa — é necessidade. Ele chega quando o lugar onde a gente está começa a apertar, quando já não faz mais sentido ficar.

Esse novo não se experimenta. Não vem com aviso nem manual. A gente só descobre atravessando.

E eu tenho sentido esse chamado. Não um grito, mas um incômodo quieto, insistente. Algo em mim dizendo que não dá mais pra adiar. Que seguir em frente não é mais escolha, é impulso vital.

É estranho não saber exatamente o que vem depois. Mas tem algo bonito em se permitir descobrir.

E talvez seja isso: às vezes, a gente só precisa aceitar que já não cabe mais onde está. E se movimentar. Com dúvidas, sim. Mas com vontade de viver o que ainda nem sabe o nome.

Lua Melancólica
Enviado por Lua Melancólica em 06/05/2025
Código do texto: T8326175
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