Visita de Amor

A saudade tem um jeito todo seu de morar dentro da gente. Não faz barulho, mas pulsa. Às vezes aperta o peito de um jeito manso, às vezes escancara o vazio. Sinto saudades da minha mãe todos os dias. E, curiosamente, é no silêncio dos sonhos que nos encontramos.

Ela vem linda, sempre sorrindo, irradiando aquela paz que só as almas elevadas conhecem. Sua presença me envolve como um manto de luz, e por instantes tudo o que me falta é preenchido. Quase nunca me lembro do que dizemos uma à outra — as palavras se perdem no véu do esquecimento que protege os mistérios do mundo espiritual. Mas a sensação, essa sim, permanece.

Às vezes consigo ouvir uma frase, um carinho dito entre risos. Mas o que mais me marca é o abraço. Um abraço cheio de verdade, desses que a alma reconhece. Eu corro para ela como quem reencontra um lar. Nos envolvemos num aperto que cura feridas, enxuga lágrimas e desperta memórias de amor eterno. Choramos juntas, não de dor, mas de reencontro.

Acordo com os olhos úmidos, o coração calmo e o quarto banhado em silêncio. Há uma paz que não se explica, apenas se sente. É como se ela ainda estivesse ali, sentada na beira da cama, velando meu sono como tantas vezes fez.

Eu sei, no fundo da alma, que ela também me visita. Que nosso laço, tecido na eternidade, não conhece despedida. O amor, quando é de verdade, atravessa os véus do tempo e do espaço. E é por isso que, mesmo ausente, ela nunca foi tão presente.

Te amo, mãe. Até o próximo sonho.