Ela queria. Mas não queria parecer que queria.

Ela queria. Mas não queria parecer que queria.

Tinha algo nele — talvez o jeito doce de falar, o cuidado nas palavras, ou aquele olhar que parecia escutar até o silêncio dela. Era fofo, interessante, parecia leve. E ela, que há tempos andava pesada, se viu querendo. Queria puxar assunto, marcar um café, ouvir sua voz. Mas… não puxou. Não marcou. Não escreveu.

Ficou ali, olhando o celular de vez em quando, esperando que ele viesse. Como se cada notificação pudesse ser um sinal. E quando não era, fingia que não ligava. “Se ele quiser, ele que venha.” Foi o que disse pra si mesma, pra amiga, e até pra espantar o nó no peito.

Era uma luta interna: o coração pedindo coragem, e o orgulho pedindo distância. No fundo, ela só queria sentir sem medo. Mas o medo estava sempre ali — vestido de dignidade, sussurrando que não era ela quem devia correr atrás.

E assim, entre o desejo e a contenção, ela foi ficando. Nem perto, nem longe. Nem fria, nem entregue. Um lugar morno, onde os sentimentos não morrem… mas também não vivem.