Fantasticamente Fantástica

Foi num dia comum, desses em que o sol se distrai entre nuvens e o tempo caminha devagar, que meus olhos foram presenteados com a cena que marejou a alma.

Ela estava ali — simples, inteira, plena. Recebera algo miúdo, quase invisível aos olhos de quem se acostumou com grandiosidades. Algo no celular... uma mensagem? Uma notícia? ... Já nem lembro ao certo. Mas lembro dos olhos. Ah, os olhos! Transbordavam como riachos que encontram alívio depois de uma longa estiagem. Havia neles uma alegria tão genuína, que me alcançou por dentro como um abraço sem braços, desses que apertam a gente por dentro.

A mulher sorriu. E naquele sorriso cabia o mundo.

Fiquei parada, tocada, envolta por uma luz silenciosa. Era como se o tempo tivesse feito uma pausa para assistir também. E ali, sem aviso, uma certeza nasceu: há pessoas que carregam no peito o dom de valorizar o singelo, de ver beleza onde os outros passam batido, de florescer com o pouco.

Ela é uma dessas.

É mulher. É mãe. É avó. É professora. É amiga. Tece com paciência os dias como quem borda esperança em pano cru. E me ensina, com o gesto e não com o discurso, que esperar com paciência no Senhor é mais que um verso bonito: é remédio para a alma, é caminho para perceber as sutilezas que a vida espalha como quem semeia delicadezas.

Ela não sabe — talvez nunca saiba, nem imagine — o quanto é admirada pelos que a rodeiam. Porque não busca aplausos, apenas vive com dignidade e fé. E é justamente isso que a torna fantasticamente fantástica.

Fiquei feliz por vê-la feliz. Feliz por ser testemunha de um instante que não se fotografa, mas que se guarda com carinho na memória.

E pensei: como é bom ter por perto pessoas que nos lembram, sem esforço, que a felicidade não mora nos grandes feitos, mas nas pequenas luzes do cotidiano.

Daniele Pereira
Enviado por Daniele Pereira em 11/05/2025
Reeditado em 11/05/2025
Código do texto: T8330272
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