Silêncio eloquente
(...)
Há uma vasta planície coberta por neve fresca, absolutamente intocada. Nenhuma pegada, nenhum movimento — apenas o manto branco estendendo-se até o horizonte. O céu está em transição entre o fim da tarde e o começo da noite, com tons suaves de azul profundo, lavanda e um leve dourado onde o sol acaba de desaparecer atrás das montanhas.
No centro da cena, solitária, uma árvore seca e sem folhas. Seus galhos se estendem para o alto como braços quietos em prece, e sua presença é ao mesmo tempo frágil e poderosa. Ao redor dela, o silêncio é tão denso que parece quase audível — como se o mundo inteiro estivesse prendendo a respiração.
Não há vento, nem pássaros, nem qualquer sinal de vida em movimento. Apenas a imobilidade poética do tempo suspenso. A luz suave projeta sombras longas e tênues, aumentando a sensação de quietude e introspecção. O silêncio aqui não é vazio: ele é pleno, como se cada centímetro desta planície estivesse carregado de significados não ditos.
Texto extraído do livro:
Ainda há histórias pra contar
José Campos
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