É um PECADO EU NAMORAR
Ready for Business
Eu não posso namorar e privar todas as outras mulheres da esperança de ter algo comigo.
Eu sempre tenho que estar disponível, ready for business, to negociate — e minha ação está alta no mercado, pois paga dividendos altíssimos.
A única condição para amar
Eu namoraria só com quem me amasse como era com quem eu julguei amar.
E os benefícios de ter um relacionamento comigo — que ela recusou — vão desde autoestima elevada pela minha cavalheirice e pela forma singular como sou capaz de demonstrar meus sentimentos, até o estado de humor que eu sempre mantenho alto, a alegria constante, o aprendizado, a cultura.
E, agora, o incentivo para cuidar do corpo, do conhecimento em dieta e treinamentos.
Somados, seríamos uma dupla explosiva — igual se falava do Hermes e Renato, mas sem a cafonice e a pornochanchada. Talvez um Bonnie & Clyde do bem, da cultura. Talvez como o casal de Pierrot le Fou, mas com amor de verdade.
O desprezo como escolha cega
Mas ela preteriu tudo isso.
Como fala a Jay de Eu, a Patroa e as Crianças, fazendo uma dancinha lasciva para o Michael, pra ficar com algum reles médico por aí…
Nesse sentido, o amor é sempre egoísta, porque reivindica o objeto do seu amor apenas para si — o que é ótimo quando o amor é mútuo.
Autoamor como antídoto da carência
Já eu, não amando ninguém, nem posso nem sinto vontade de namorar.
Longe de mim essa necessidade de precisar de alguém pra preencher uma carência.
Eu queria alguém para acrescentar — não como muleta.
Meus pensamentos me bastam.
Minha autoimagem é suficiente.
Meu cuidado pessoal já é recompensador.
A ausência do outro como liberdade e luto
Eu queria alguém que soubesse valorizar o que tenho.
Mãos que se estendam não só para receber minhas benesses, mas também para me ensinar.
Alguém a quem eu pudesse amar mais do que amo a mim mesmo.
Mas essa esperança já passou.
Eu procuraria por alguém cujo coração disparasse ao ver que publiquei um novo texto em “Memórias”, só para ver minha imagem.
Alguém que se umedecesse de desejo incontido ao ouvir minha voz em um áudio recém-publicado.
Ou alguém que sentisse uma alegria que irrompe só de ler as minhas palavras, imaginando escutá-las da minha boca.
Ou melhor — tudo isso junto.
Ou não necessariamente nessa ordem.
E, principalmente, que me fizesse sentir essas mesmas coisas.
Se você é assim, e/ou me proporciona isso, eu iria querer te namorar.
Ou, ao menos, te conhecer melhor.