Habemus papam: Leão XIV - expectativas

Hoje subiu fumaça branca no Vaticano e, com isso a Igreja Católica Romana tem agora um novo pontífice: Leão XIV. O cardeal Robert Francis Prevost, e origem norte-americana e naturalizado peruano, quando nomeado bispo adotou como lema miserando atque eligendo (olhou com misericórdia e o escolheu). Agora como papa seu lema passou a ser in illo uno unum (em um só Cristo somos um). Penso que o lema de seu pontificado já indica a crise na qual a igreja está mergulhada (e não por culpa do Papa Francisco, o caos já vinha crescendo nos pontificados anteriores de João Paulo II e Bento XVI).

Sempre será difícil substituir uma pessoa que esbanjava simpatia, cordialidade e ao mesmo tempo firmeza em seus posicionamentos. Isso e muito mais poderia ser dito sobre o Papa Francisco. Seu carisma estendia-se às causas por ele assumidas, tais como: os imigrantes, a crítica ao capitalismo e sua desumanidade, a defesa intransigente de uma ecologia integral e a busca por uma igreja sem grandes ornamentos e luxo, mas dedicada a ser samaritana e marcada por esta escolha. O novo papa dificilmente conseguirá seguir por esse caminho e obter o mesmo reconhecimento.

Novamente, a escolha do novo papa recaiu sobre alguém cuja história de vida esteve vinculada a uma ordem religiosa. O Papa Francisco era Jesuíta e sua Ordem sempre foi reconhecida como extremamente dedicada à Igreja; Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus propunha que os Jesuítas deveriam ser soldados à serviço de Cristo, por meio da igreja. Leão XIV vem doa Agostinianos e carrega em sua experiência religiosa os escritos e espiritualidade proposta por Santo Agostinho. O que Francisco se propôs a fazer e viveu já é por nós conhecido; o que Leão XIV fará ainda é uma incógnita.

A simplicidade de Francisco em sua primeira aparição pública, permanece única, pois o novo papa optou por uma apresentação com símbolos bem tradicionais (uma estola decorada com cruzes e bordados, uma capa vermelha sobre sua túnica branca, uma cruz peitoral com cordão de ouro). São pequenos sinais de que a Igreja está sob nova direção.

Um detalhe que a grande mídia vem se esforçando em repetir é que o novo papa é poliglota (fala e domina diversos idiomas). Este fato, parece ser fundamental para que ele exerça sua função com maestria, tendo em vista sua ampla capacidade de comunicação. É curioso que isso não tenha sido ressaltado, pela mídia, no Papa Francisco ao lidar com povos e culturas diferentes da sua. Me pergunto se isso é apenas coincidência ou acontece de forma proposital.

Foi o Papa Francisco que nomeou o bispo Robert Francis Prevost cardeal em 2023. Enquanto bispo atuou na diocese de Chiclayo – a 750 km de Lima e se aposentou (tornou-se emérito) por lá. Por convite de Franciso foi prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Sem dúvida Leão XIV conhece muito bem as estruturas e a burocracia vaticana. Isso pode ou não interferir em seus posicionamentos sobre os temas mais candentes na atualidade.

Na grande imprensa já se comenta que em algumas ocasiões o então cardeal Robert se manifestou favoravelmente a uma perspectiva pastoral atenta aos pobres e migrantes. Neste sentido há reais possibilidades de continuidade com o que vinha sendo feito por Francisco. Entretanto, já foi lembrado seu posicionamento, até então, pouco receptivo sobre LGBTs e ordenação de mulheres. Doravante que pastorais, que posicionamentos políticos e que escolhas eclesiais e sociais serão feitas por Leão XIV é algo a ser visto e vivido.

William Andrade
Enviado por William Andrade em 08/05/2025
Código do texto: T8328077
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