educam menos. calam mais.
Vi hoje, na sala de espera do consultório, uma mãe que trazia no colo um menino de talvez três anos. O menino não chorava, não gritava, não pedia. Estava anestesiado — olhos fixos em um telefone, de onde pulavam desenhos histéricos e músicas repetitivas.
A mãe, por sua vez, parecia satisfeita. Consultava o WhatsApp, sorria com os polegares, tranquila como quem observa o próprio filho brincar na chuva. Só que não havia chuva. Nem brincadeira. Havia pixels e volume alto.
O menino não reclamava. Tampouco se comunicava.
Talvez os pais do século estejam trocando as palavras por aplicativos, e a paciência por vídeos de galinhas que dançam.
Educam menos. Calam mais.
E um dia talvez peçam silêncio — mas já será tarde: terão ensinado o filho a se calar com tela, e não com conversa.