A Casa Mal Assombrada ou Superstições

A Casa Mal Assombrada ou Superstições

Em meio a um bairro grão fino,cheio de arranha céus,jardins cuidadosamente elaborados,piscinas e todas as mordomias ,enfim, que se pode ter,existe uma casa.É uma casa velha que destoa do ambiente e que para os vizinhos ricos porém supersticiosos ganhou fama de casa mal assombrada.Ninguém passa em frente da casa,antes atravessa a rua, a não ser que seu cachorro queira fazer pipi.

Com sua pintura desbotada,os fragmentos de tintura a cair ,as trepadeiras crescendo desordenadamente,as janelas e porta sempre fechadas,as grades que a circundam, mais parece um presídio.Movimento de entrada e saída não há, pois que somente uma ou duas pessoas freqüentavam a casa e tem, é claro, a hora de botar o lixo na rua.Nestes momentos a porta se entreabria, e se divisava um vulto de mulher.

Mariana ficou sozinha no mundo,sem recursos para arrumar a casa,se proteger, e além disto gostava da casa por todos os momentos felizes que,no passado, se desenrolavam no cotidiano. Por isto tomava certas medidas de precaução como rodear a casa de grades e deixar cerrados os janelões da sala.Devido a estes fatos era chamada pelos vizinhos de Casa Mal Assombrada.Superstições!Acreditavam que a mulher que ali morava era louca ou furiosa e,quando eventualmente a encontravam na calçada, desviavam o rosto,olhavam para o céu,enfim a desconheciam,ignorantes, e nem tinham interesse em a conhecer.Suas opiniões já estavam fixas e todos convictos que algo de ruim se passava com aquela misteriosa mulher, ou bruxa?

Parado em frente à garagem estava um carro velho pelo qual tinha amor, pois o pai lhe dissera no dia em que o comprara:- Este, Mariana ,é o último carro que te dou.Sabe?Eu acho que vou morrer antes e carro velho ninguém rouba,assim,mesmo depois de morto te protejo. Mariana riu muito das palavras do pai porque nesta época ele era esfuziante de vida e saúde.

Mal podia supor a doença terrível que o levaria à morte, sequer a da mãe que morreu mais por desgosto pela falta do companheiro do que por doença realmente séria,foi definhando,definhando...

E o que tinha lá dentro do casarão? Tinha um escritório muito aconchegante, com computador,música,poltronas macias,ar condicionado ,além de obras de arte e mais uma mulher cheia de vida! O que ela fazia?Escrevia ,lia,estudava,via e ria das novelas da televisão,ouvia musica e era serena e tranqüila,usando de toda sua criatividade para elaborar suas perdas.

Órfã de pai e mãe tinha aquela paz dos que cuidam bem dos vivos e, saudosos dos seus mortos, só recordam deles as boas lembranças como ela fazia.Esta paz,esta tranqüilidade de espírito, tornavam para ela indiferentes os comentários ou olhares enviesados que não a atingiam.Amava seu velho casarão,sua casa da infância,da adolescência e finalmente da mulher!

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 01/06/2008
Reeditado em 16/01/2011
Código do texto: T1014600
Classificação de conteúdo: seguro