VANITY FAIR

Resolução de Ano Novo do ano passado ainda em vigência: encarar meus medos. Contabilizando resultados, saldo médio positivo, ou, ao menos, empatado, o que já é positivo. Baratas, cara Nena, vão ficar para a próxima encarnação, mas na montanha russa eu fui: legal, bacana, estou satisfeita, não gostava antes e gosto menos depois.

Fui esquiar também, com meus dois pés esquerdos, ambos “dez prás duas” e minha coordenação motora zero, aliados ao meu senso de equilíbrio inacreditavelmente inexistente, camadas e camadas de roupa, numa versão mulher-cebola: nenhum osso quebrado, adorei. Mais uns quatrocentos e vinte e sete tombos (uns seis invernos) e eu aprendo o suficiente prá ir além da ladeira dos café-com-leite.

Biquini branco... nada que uma depilação COMPLETA não resolva, desde que você esteja morena, claro, senão ninguém num raio de sessenta metros pode tirar os óculos escuros, tamanha a fluorescência. Na praia dos pelados, "topless" confortável já rolou – meio caminho andado, só falta a outra metade do biquini.

Balada solo... sobrevivi, mas ainda prefiro em conjunto...

Final de semana passado foi a vez da vinte e tantos anos sonhada tatuagem... mãe tem o poder de “enrolar” a gente mesmo (acho que por isso quero tanto um filho, finalmente vou ser capaz de “enrolar” alguém...)... “Menina, não faz (a tatuagem) porque depois você vai mudar de idéia e não tem mais jeito...”, pois é, a menina já está beirando os quarenta, não mudou de idéia e não havia feito a tatuagem... hora de adolescer, afinal, já inventaram remoção de tatuagem a laser, logo, se eu mudar de idéia, de humor, ou estiver numa TPM muito “braba”, jeito tem!

E lá fui eu, dois uísques antes e sabe-lá-deus quantos depois, e, claro, uma mão amiga prá eu segurar, a peripécia em si já não dói mais, já a amiga, diz que a mão continua de molho no gelol, o tanto que eu apertei... Mas a verdade é, ainda que com a funilaria e pintura em dia-obrigada, motor 3.7 requer certos cuidados especiais, especialmente no que diz respeito à Lei da Gravidade, afinal ninguém quer/ou merece que o golfinho lindo dos dezessete vire a baleia assassina dos quarenta..., nisso mamãe tinha lá sua razão... logo... a essa altura do campeonato, adolescendo com bom-senso, meta-se a “tatoo” onde tem pouca carne e nenhuma banha... mas (jesus amado!) como dói nesses sítios! A coragem pr’o piercing no nariz passou na hora, esse vai ficar pr’as resoluções do ano que vem, ou da década que vem talvez.

No final das contas é tudo vaidade; Até o que não é estético. Nós (eu e meu ego) vivemos buscando explicações freudianas, lacanianas, o-que-quer-que-seja-anas, e, na falta delas, desculpas esfarrapadas que sejam, prá dizer que não... que é um processo de crescimento, de auto-conhecimento, de se liberar, de se permitir... e, honestamente, voltando aos “anas”, a questão é, provavelmente, balzaquiana mesmo. Mas eu adoro ser balzaquiana! Adoro enlouquecer de vez em quando, às vezes de festar demais, às vezes de pura TPM, sinto-me plena, a única vez em que me senti velha foi aos vinte-e-quatro, época de grandes decisões (que eu decidi não decidir) dizem os humoristas, mas grandes responsabilidades das quais pela primeira vez eu não fugi, além de (maldita genética!) muitos cabelos brancos....

E lá vem a vaidade de volta à mesa...

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 03/06/2008
Reeditado em 04/06/2008
Código do texto: T1018452