Tanto tempo sem ela

Não gosto de ficar contando o tempo, mas, hoje me peguei assim. Tentando deixar mais claro em mim quanto tempo estou vivendo sem ela, sem o carinho habitual, sem a aquiescência para os meus atos, mesmo os mais loucos.

Não percebemos quanto tempo vai passando e quando nos damos conta, já se foi um tempo sem fim. Ou sem começo...

È a lei da vida. Mas ainda hoje não me acostumei com ela.

Estranhamente, quando se é mais jovem, não se pensa sobre isso, como se o tempo não interessasse e não precisássemos de mais uns minutos com a pessoa amada. É o próprio tempo quem se encarrega de nos mostrar. E quão doloroso é...

Hoje existem outros motivos para eu estar feliz, pois quando os filhos crescem, as motivações triplicam, as emoções aumentam, os valores diferem. Mas, alem disso tudo, fica aquele vazio, pelas pessoas queridas que já não estejam.

Lembro ainda dos cartões feitos na escola, das cartinhas que fazia e, orgulhosamente, entregava para minha mãe, em seu dia.

Assim como lembro do seu rosto, quando nos olhava.

E tudo é vago, muito embora ela esteja tão presente.

Tenho vivo o seu sorriso e as palavras que sabiamente ela dizia, quando teimávamos ou íamos alem do que seu limite da paciência. Naquele momento soavam de uma forma que só fazia com que ficássemos um tanto revoltados. Mal poderíamos entender que, tudo isso, ficaria gravado tão nitidamente em nós.

E, quando isso acontecesse, viria uma saudade que nada faria diminuir.

Infelizmente não tínhamos o dom da adivinhação, pois, se assim fosse, ao invés de amuar ou emburrar, teria beijado as mãos de minha mãe, pois, assim, ao invés de chorar de saudade hoje, teria um sorriso nos lábios por lembrar-me que eu havia lhe dado doçura, em todos os momentos.

Quisera poder evitar que meus filhos sentissem essa dor um dia.

Lara
Enviado por Lara em 06/06/2008
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