Quem me dêra um frevo!

Era claro, mas era noite, tinha vento e tinha estrela, fazia calor mas estava tranquilo, não que o calor deixasse as coisas agitadas, mas pelo menos o sangue fervia mais fácil. A noite fora boa, repleta de descepções, grandes presentes, música, abraços, despesas e mesas lotadas...

Era claro, mas era noite, o vento passava despercebido pela janela, tocava a porta com leveza, que rangia aguda, não estava deitado, apenas sentado e reparando, que na casa ao lado havia menos luz, havia uma janela também, meio aberta, não parecia existir vida ali, mas tinha luz, era pouca, mas tinha...

Era claro, mas ainda era noite, o sono não chegou; apenas um rosto pálido na casa ao lado, apontou na janela meio aberta. Não dava pra ver, pois era noite, apesar de claro. Sabia que usava vestido, dava pra ver as curvas do tecido enrugado sobre as pernas intáctas que se assentava próximo a janela, parecia buscar o vento, queria se refrescar a toda maneira, mas não abria a janela mais do que a metade, até que o vento soprou mais forte, e revelou uma face ainda mais palida...

Era claro, já era dia. Não teve sono? Nem ela, da janela ao lado fitara a noite toda, desde que a janela se abriu, não quis mais fecha-la, até o presente momento. Contudo, ameaçou um movimento, interrompido por um rangido, não era a porta, pois já não ventara mais, era som das rodas... A imagem dela somada a uma outra imagem humana, se distanciava a medida que o som diminuia...

Era tão claro, não podia se mexer nem falar, era óbvio, sentada a noite toda ali esperava apenas que alguém fechasse a janela para ela, para que podesse então dormir. Como pode serdes tão tolo?

Podes mesmo pensar que ela queria dançar um frevo?

"Nem sempre o que enxergamos é aquilo que queremos ver, não se pode ter conclusões apenas por aparência, pois muitas das vezes a aparência sobrepõe o verdadeiro eu"

Vifrett
Enviado por Vifrett em 11/06/2008
Código do texto: T1028729