RELATÓRIO DE UMA CAMINHADA EM GOIÂNIA, SETOR SUL

Saí de casa, para minha caminhada matinal diária. Chegando na 110, olhei para os dois lados, antes de atravessar a rua.
Descendo a 86, vi um casal de idosos do lado de dentro de um portão de ferro que fica num corredor compriiiiiiiiido. Falavam baixinho, de pé e com as mãos agarradas à grade.
Atravessei a 115, não sem antes ver um fiadaputa avançar o sinal.
No Super-Zé, li a faixa que anunciava o dia da carne ( acém, músculo e fraldinha a 4,99, costela a 1,99 ) e dobrei à direita.
Mais adiante, numa subida, andei 173 passos "discostas", depois atravessei o trecho de terra da rua 22 e desci a av. D até a rua 3, outra subida, onde "fastrei" mais 200 passos.
Cheguei na pracinha e procurei as corujas, como faço todas as vezes. Desgraçadamente, só encontrei indícios de extermínio da família, desta feita por fechamento da toca com pedras, já que a outra vez foi colocado fogo. Uma pena!
Depois da praça, mais 181 passos para trás.
Seguindo, passei pelos fundos da Católica e pela Mercearia Alves, onde sempre está um rapaz com prótese na perna e que tinha uma lojinha fajuta de roupas, que deve ter quebrado.
Mais adiante, subi a " grande subida "da av. D, sempre de frente. São 363 passos até a av. Fued José Sebba, onde dobrei à esquerda e desci, iniciando o retorno.
Um pouco antes do Super-Zé, vi o bundudo da pet-shopp que subia, lendo as manchetes do O Popular. Quando nos confrontamos, ele falou pra secretária do dentista que um menino de 6 anos havia levado um 38 para a aula, enfatizando: carregado!
Cheguei no Zé para comprar o "sabão de pedra" que a empregada pedira.Ninguém conhecia! Depois de muita procura, achei um saponáceo em barra e o trouxe, junto com duas embalagens de prendedores de roupa, cada uma com doze unidades. Nem sei para que, pois "nunca ninguém" aqui dá puxões nas roupas e nem tem preguiça de subir nos banquinhos para abri-los!
Passando pelo CEPAL (Centro popular de Abastecimento e Lazer), encontrei os pombos que ali moram, mas não o senhor de idade que os alimenta com milho quebrado e que, de vez em quando, pega algum e acaricia, numa alegria quase infantil, sentado na mureta e com os pés tapados pelos seus amiguinhos.
De novo a sinaleira da 115 e outro fiadaputa que não respeita o direito dos outros.
Subindo a 86, novamente o casalzinho de velhos agarradinhos ao portão. Até me deu vontade de perguntar se estavam presos.
Chegando em casa, encontrei o Xororó deitado de barriga pra cima, uma "raridade", assim como a Cida se coçando vigorosamente e o Bradock gastando as unhas nas pedras.
Entreguei os prendedores para a minha esposa, que conferiu a quantidade e fez uma cara de " ele acha que sou eu que dou puxão, mas eu nunca faço isso!". Eu, por minha vez, fiquei com cara de quem pergunta: ih é?
O melhor foi não falar nada.
Finalmente, o tal "sabão de pedra"  pedido era simplesmente sabão em barra, que eu "cansei" de trazer. O pior é que  a minha mulher e a minha filha ainda deram razão para a empregada, dizendo que "todo mundo" conhece sabão em barra como sabão de pedra! 
Depois dessa "lavada", achei que era hora de tomar banho e, talvez, pensar em escrever uma pequena e humilde crônica.