Satisfação

O tempo pediu-me perdão. Disse-me que não voltaria atrás.

Fiquei desiludida.

Levava a vida impulsivamente, traçando caminhos trilhados aos quais eu teria certeza por onde voltar, se assim o precisasse. Marcava todos os passos na minha memória de menina, assim, saberia como escolher o melhor caminho na hora de decidir qual o tipo de vida que eu gostaria de levar, quando resolvesse que já estava suficientemente crescida para viver com os pés no chão.

Quando esta hora chegou, revisei o labirinto que havia trilhado. Diante de meus jovens olhos, muitos caminhos a seguir, mas precisava escolher um.

Escolhí um pintado de cor de rosa, com aroma de almíscar. Traço-o com amor, tentando torna-lo cada vez mais colorido e perfumado.

Muitas vezes aparecem diante de mim núvens escuras e trovões. Num desses dias, muito assustada com a escuridão, pedí ao tempo que retornasse, para eu poder tentar outro caminho, no emaranhado do meu passado. Foi quando ele lamentou não poder me ajudar. A desilusão desse dia me fez entender que somos responsáveis pelo sucesso ou fracasso do caminho escolhido, seja ele qual for. Que não importa para que lado formos, se estivermos conscientes do que realmente queremos e formos éticos com a nossa alma, a cor da vida somos nós que pintamos. E mesmo que a escuridão me apareça de quando em vez, tiro tanto proveito dela que a faço colorir, num aprendizado perene, tentando sempre manter apenas um pé no chão.

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 08/02/2006
Reeditado em 08/02/2006
Código do texto: T109386