AS PEDRAS DO CAMINHO DE DRUMMOND

 

 

Existiram,ou não,pedras no caminho de Carlos Drummond de Andrade,o poeta itabirano,cujo centenário de nascimento acabamos de comemorar?

 

Ler Drummond é “penetrar surdamente no reino das palavras”.

É o mundo aberto das palavras,o mundo das letras,onde as palavras se libertam,dançam...Um mundo de fantasias e realidades,onde o poeta  consegue,com enorme espontaneidade,expressar seus desejos,suas vontades, liberando a todo momento seu espírito de criatividade.

 

Lendo o poeta,é fácil identificar tudo o que,através da palavra, pode ele acrescentar para o desenvolvimento do ser humano,através de sua liberdade de expressão.Escreve o que sente e o que acha,com seu estilo próprio,único,embora nem sempre totalmente agradável aos que o lêem, muitas vezes,pelo conteúdo e, na maioria das vezes,pela forma de seus versos, alguns deles “quilométricos”,faltando-lhes, por esse motivo,talvez,a musicalidade, pela falta de ritmo que  apresentam

 

Penetrando surdamente no reino das palavras,Drummond consegue, geralmente,prender a atenção dos que o lêem,através de múltiplas e divergentes motivações. E nos leva a pensar sobre a vida, sobre os acontecimentos que nos rodeiam,como,por exemplo, quando nos fala de Política, em Política Literária”:

 

 

   O poeta municipal

   discute com o poeta estadual

  qual deles é capaz de bater o poeta federal.

 

        Enquanto isso, o poeta federal

       tira ouro do nariz.

 

 

Quando nos fala do Hino Nacional, o poeta Drummond nos diz em seus versos:

 

      “Precisamos descobrir o Brasil.

       Escondido atrás das florestas,

       com a água dos rios no meio,

      O Brasil está dormindo, coitado.

      Precisamos colonizar o Brasl!”.

 

Assim,o poeta elimina as pedras em seu caminho,que são também, muitas vezes as “nossas pedras”,como nos versos abaixo em que,“ cortando palavras”,em “Cota Zero”,ele nos leva a pensar mais profundamente no nosso modo de viver:

 

                  “ Stop.

                 A vida parou.

                 Ou foi o automóvel?”

 

Drummond escreveu,escreveu muito,sem se preocupar nunca com  o seu próximo,se iria lê-lo,ou não.Mas era o poeta que não se importava “em gastar uma hora pensando num verso que a pena não queria escrever”,pois a poesia daquele momento o inundava completamente.

 

E assim foi a vida inteira o grande poeta Carlos Drummond de Andrade...


                                       
(Crônica)

 

 

Alda Corrêa Mendes Moreira
Enviado por Alda Corrêa Mendes Moreira em 14/08/2008
Reeditado em 03/12/2008
Código do texto: T1128665