Dança dos Véus.

Além de tirar os véus que me cobrem. Rasgo os véus que me impedem de ver o outro como ele realmente é. E nessa dança giro como uma odalisca tonta e perco, algumas vezes, a razão.

Confundo-me, especulo os motivos, brigo com a realidade e tento fugir da confusão. Vejo filmes que me fazem rir e quando me sinto mais forte assisto aos que me fazem chorar.

Quando venço a apatia, deixo-me contaminar pela alegria da festa e isso é bom. Às vezes faço até um certo esforço para comparecer, mas quando lá chego sinto-me feliz. Em algumas ocasiôes eu me esbaldo:

canto, danço e dou risadas.

O sono também me alimenta corpo e alma, contudo, nem sempre me faz acordar sorrindo. Hoje acordei com água margeando os olhos e não queria aborrecer àqueles que vêm me ajudando a suportar as últimas dores.

Peguei o telefone pensando em ligar para um amigo que poderia auxilia-me no obstáculo concreto que preciso resolver, porém mudei a intenção em um átimo e disquei para um amigo antigo, que se prontificou a fazer o possível por mim.

E não é que ele já fez? Não solucionou o assunto profissional que me aflige, mas com uma palavra liberou meu pranto e a dor identificável que me fazia sofrer nessa manhã.

Ele de quem retirei os véus no passado e que sempre me viu sem véus, mostrou-se amigo mais uma vez, fazendo com que eu me olhasse com mais amor, lembrando a mim mesma a mulher que ele conheceu e de quem andei esquecendo na confusão dos últimos tempos.

Nos despedimos com ternura e continuaremos amigos, se Deus quiser, pois nos perdoamos há muito tempo.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 08/10/2008
Reeditado em 15/10/2008
Código do texto: T1218295
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