A intolerância e a impaciência.

Que me perdoem os que pensam que o maior mal do mundo é a violência ou a injustiça social. Creio que são dois males terríveis, mas nada comparado à intolerância e a impaciência que contribuem muito para a violência. Poderia dizer que a intolerância eleva em muito a violência, mas não me refiro às grandes intolerâncias, aquelas que explodem em uma violência generalizada, e muitas vezes infundada. Me refiro às pequenas intolerâncias diárias, aquelas cometidas no caixa do supermercado, nas filas dos bancos, no trânsito, coisas muitas vezes evitadas se exercêssemos uma virtude rara nos dias de hoje a paciência. Vivemos numa constante busca pelo dinheiro, pelos bens materiais, por não perdermos tempo no caixa do supermercado, na fila do banco, no trânsito cada dia mais caótico das grandes cidades. E assim, esquecemos de viver a delicadeza nos pequenos gestos. Esquecemos muitas vezes a educação, e esta sim é a chave que abre a maioria das portas no mundo. Esquecemos muitas coisas pequenas, e esquecidas no mundo moderno. Esquecemos de ouvir um pássaro cantar em meio a um parque, muitas vezes mal conservado, escondido em meio à selva de pedra das grandes cidades. São pequenas e preciosas coisas que deixamos de lado em prol da correria do dia a dia, do ter que ganhar a vida, do consumo exagerado, e muitas vezes infundado. Queremos cada dia mais coisas e não paramos para nos perguntarmos se realmente as necessitamos. A intolerância nos leva desde as pequenas agressividades diárias até as mais descontroladas. Quando iremos parar de correr atrás de ideais, cada dia, mais volúveis e fúteis?