Já observou como é grande a liberdade de quem vive inconseqüentemente a vida dentro do pouco que lhe oferecem? Às vezes, lhe falta o material, quase tudo... Mas, não lhe falta a alegria. Conheço pessoas que trabalham o ano inteiro em busca da aquisição de um único objetivo, nem sempre conseguem, e deixam de fazer inúmeras coisas simples que desejavam, só porque almejava o que está distante, o inatingível.

Há quem me diga que o dinheiro não traz felicidade... compra! Mas, o que vejo são pessoas correndo atrás do que não têm, descuidando-se da saúde, das pessoas que lhe amam, de si mesmo, para buscarem algo que supostamente lhes fará “feliz”. E quando conseguem... Passam a almejar algo maior. Não se dão conta de agradecer o que já receberam, tornam-se eternos insatisfeitos.

Sei quase nada da vida, mas o que sei me ensinou que há mais alegria nos olhos de quem sabe viver no pouco do que no daqueles que anseiam pelo muito.

Percebo isso no sorriso que vejo, nas atitudes de solidariedade, de respeito, na simplicidade de querer, na satisfação de receber, na forma simples de encarar os problemas e transformá-los em benefícios, na fé que os move e na tranqüilidade com que encaram essa complexa teia da vida. Não que não sofram... mas, os percebo mais voltados para a valorização de pequenos gestos, de imperceptíveis dádivas.

Convivendo com pessoas assim, aprendi que podemos transformar tempestades admirando a beleza das águas que levam generosamente as impurezas e germinam sementes que futuramente se transformam em vida.  Aprendi, com sorrisos sempre tão sinceros e abertos, que é necessário olhar o céu pelo menos uma vez ao dia, mesmo que seja depois de um escasso almoço, deitado em uma calçada, relaxando sem nenhum conforto, mas, sorrindo feliz para os pássaros que cantam. Quantos de nós mal digerimos nossos alimentos e saímos feito louco, sem observar nem mesmo as pessoas que nos cercam? Quantos estamos vivendo em uma rotina desenfreada, aonde se chega à segunda-feira esperando a sexta-feira... E, não nos damos conta que o tempo passa implacável e determinado? Se deixarmos de viver e aproveitar a simplicidade e beleza do que nos foi oferecido pela vida, lamentaremos e muito.

Quanto abraço de pura troca já recebi, apenas estendo os braços e abrindo um sorriso a quem me chega? Carinhos de quem se dispõe ao ouvir, olhar nos olhos, perceber o outro e dar-lhe a devida importância.

Talvez seja isso! É exatamente esse o valor perdido. A simplicidade dos gestos, a carência de afeto, a disponibilidade para o amor.