Internet: bendita ou maldita

Mais uma vez tento escrever sobre o que é verdadeiro.

Mas, nem sei ao certo o que seja efetivamente verdadeiro na internet; Confunde-se tanto, o virtual com o real que, quando recomeço esta escrita, chego a duvidar de minha própria veracidade.

Entro no chat e sou uma das tantas pessoas que tentam um contato, já nem sei se de primeiro, segundo ou terceiro grau. Lá vem então uma avalanche de perguntas.”Como se chama, onde mora, quantos anos, tem filhos, tem conta corrente, tem carro, tem celular, tem marido, tem saco pra aguentar isto tudo?”

É um constante questionário que nos impõem e que acabamos por responder, nem sempre de forma autêntica, pois seria abrir os flancos ao inimigo.

Uma mentirinha não mata.

Depois disso passamos para os scripts, o chamado MIRC, inúmeras salas, uma infinidade de pessoas e, cada uma delas, com uma história; Algumas afinidades acabam por fazer acontecer um envolvimento, que pode ser levado à sério futuramente. Mas, não sem antes causar frisson entre os amigos. Os mais esclarecidos contam casos mirabolantes, acontecidos na internet. Outros, mais pessimistas, já antevêem um homicídio, pois, na visão de algumas pessoas, na internet é que se concentra o maior numero de marginais. Como se na vida real isso não houvesse!

E nesse diz-que-diz, soube de pessoas que se conheceram através da telinha e acabaram por selar um amor permanente (pelo menos aparentemente)

É o local onde confunde-se gato por lebre, quando muitas vezes a lebre assustada com a invasão a seus maiores segredos, esconde-se na toca.

Pessoas são inventadas e até tornam-se professores, médicos, psicólogos, parteiros e até escritores.

E a torcida inteira apóia. Ou sabe e não conta, ou em sua conta nem sabe...

Talvez sejam inventadas por cabeças doentias, que necessitem da aceitação e louvação e se transportem para um corpo/mente ilusórios.

E cada vez mais a internet alastra-se entre as famílias. Já não há dialogo entre casais e filhos. Muitas vezes, comunicam-se por e-mails, pois isso não lhes rouba o tempo precioso que têm na telinha;

Não podemos esquecer das comunidades nos Orkuts e gazzags. Tem de tudo o que se pensar e até o que jamais se pensou.

Chego a uma conclusão de que talvez as pessoas isolem-se justamente para não olhar para dentro de si mesmas e descobrir ali o que é que deva ser mudado. Então, muda-se a fachada, e passamos a habitar o mundo do faz-de-conta.

Assim a vida fica mais fácil de ser vivenciada, sem problemas reais, pois assumimos nosso lado virtual, arrumamos amigos virtuais, que jamais se olham ou se abraçam, amores virtuais que não se concretizam; Mas, olhando pelo lado positivo, não há brigas, não há divórcios. O que pode e acontece, na maioria das vezes, é a mudança para novos sites. Novas procuras. Novos amores. Novas identidades. E segue a Internet!!

Abençoada ou maldita ainda não se pode responder.

Mas, sem sombra de dúvidas, um elo que aproxima as pessoas. E só dependerá de cada um sinalizar para qual lado o barco deva navegar.

Lara
Enviado por Lara em 25/04/2005
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