Confissões de um Aborrecente - Parte II - Leia a Parte I 1º

Aviso aos navegantes: antes de ler este texto, para que se possa ter uma compreensão melhor do tema, sugiro que leia Confissões de um Aborrecente - Parte I. Senão vai ficar muito sem pé nem cabeça. Vamos lá:

Confissões de um Aborrecente – Parte II

Não pretendo nestas minhas memórias prender-me à ordem cronológica dos fatos, mesmo porquê minha memória é pouco ou nada confiável.

Desde os doze anos utilizo medicações ansiolíticas (pelo menos meu vocabulário enriqueceu) e antidepressivas. Não me perguntem o por quê, que esta é uma resposta que pode estar embutida nos escritos de minhas memórias parte I (quem leu pode tirar suas conclusões).

Sei que aos doze anos tive uma crise de pânico... não podia chegar perto da porta da rua, as janelas tinham que estar fechadas e dormia de cobertor seja qual fosse a temperatura ambiente. Perdi meses de aula, fiquei praticamente sob a tutela de um psiquiatra e uma psicóloga (Drª Rosângela, linda, linda...), tinha aulas particulares seguindo o planejamento da escola e mergulhei como num refúgio sagrado nos livros, ou melhor, em toda forma de palavra escrita. Lia livros, jornais, revistas e até bula de remédios (não me faltava material de leitura neste quesito); lia compulsivamente enciclopédias, dicionários, livros que eram e ainda são muito além de meu alcance intelectual. Lembro-me de ter lido “O Banquete” de Platão e prometi e ainda me prometo que vou lê-lo quanto for mais velho e tiver maior compreensão. Tentei ler Ulysses de Joyce e me prometi que nunca, nunca em minha vida vou tentar fazer uma loucura dessas novamente.

Aos poucos fui me adaptando ao cotidiano, voltando à rotina, sempre (e até hoje) supervisionado por meus terapeutas.

Passado o pânico, descobri-me um recluso, um chato de galochas, um pentelho anti-social (pelo menos no que se refere aos coleguinhas de minha faixa etária). Passei a buscar avidamente o convívio com adultos que não fossem os meus pais.

Meu amor platônico pela Drª Rosângela durou um bom par de anos e fez-me ter uma forte tendência de apaixonar-me por mulheres mais velhas, erradamente diagnosticado pelo Dr. Arnaldo como um Complexo de Édipo (que coisa antiquadamente froidiana). Lêdo Ivo engano (eu li Ninho de Cobras...), nada era mais distante da minha idealização feminina do que minha mãe. Eu buscava e ainda busco uma mulher MADURA, e minha mãe tem crises de “adolescentite” que me irritam profundamente.

Meu caminho até a Internet foi um bocado longo, e só lamento que com tantas informações disponíveis eu ter sido um péssimo aluno de inglês, perco muito dos assuntos e me sinto como um peixe fora d’água. Mais uma promessa: um curso de inglês (detesto, detesto, detesto) é mais do que necessário, parece-me que todos da minha geração freqüentaram ou freqüentam cursos de inglês e a internet abre muitas portas quando se domina o idioma... eu vou aprender, vou aprender...

Na minha curta vida e curta memória, não é bom esgotar lembranças. fico por aqui.