Enquanto eu viver... escreverei sobre o Amor

Um dia... Deus me fez nascer lá no topo da mais alta serra de uma região serrana, do semiárido nordestino. Isso mesmo! Tive o privilégio de nascer naquele santuário, de clima agradável em meio a caatinga, que passa por um breve período verdejante e a maior parte do ano, completamente seca. Nesse lugar, aprendi a andar entre penhascos, colinas e vales. Bem lá de cima, da serra mais alta, comecei a ver o mundo numa imensidão sem fim... com a mesma aparência que tem o mar... para quem nasce próximo a ele. E mesmo eu tendo saído daquela terra, na mais tenra infância, ainda hoje, a minha alma viaja até aquela serra, só para contemplar o mundo que se descortina aos nossos olhos e vai desaparecendo na infinitude daquele horizonte azulado ou multicor.
Ao estar fisicamente nesse lugar, mais especificamente, em toda a parte desabitada, por ser totalmente de penhascos e serras íngremes, passo por uma mudança espiritual que toma conta do meu ser... e parece que não sou mais eu, enquanto corpo finito. Esse eu matéria, afetado por todos os problemas tipicamente humanos me deixa de repente e passo a sentir a voz do minha alma. Portanto, quando piso nesta terra, me transformo e me transporto para a essência do meu eu plenamente espiritual, esse que não tem fim. Nesse instante, todos os meus sentidos se aguçam de forma magnífica e uma neblina poética me envolve lentamente, me trazendo os versos mais suaves e encantadores. Fico mergulhando nas águas cristalinas da magia... e passo a me sentir, como se fosse uma fada... Pode ser estranho, parecer sentimento inventado, mas tudo isso é real, tão real, que não uma única vez, em que eu tenha passado por lá, pra não ter chorado. Eu sempre choro, mas é um choro suave, que não é de saudade, nem de tristeza, ou dor, é um choro, que nem sei ao certo definir, mas só sei, que enquanto choro, sinto-me alegre e nos braços do universo. Aí, sou como o vento, que pode ir em todo lugar, portanto, me sinto voando... voando de diferentes formas. Ora muito alto feito os pássaros, ora humildemente, como uma fina poeira que o vento docemente levanta e depois a retorna pra seu berço, ou ainda, singela e romântica, feito um nevoeiro que baixa na serra nas manhãs frias de inverno e que vai desaparecendo, a medida em que se evapora pelo calor do sol.
Ao sentir todas essas sensações, fico leve e volto a ser misturada a natureza, não estou a parte a contemplá-la, sou necessariamente integrada a ela e por isso, deixo toda a turbulência do mundo físico humano e adentro na essência do mundo cósmico celestial. Aí, sinto a presença de plena paz. Estou na natureza e a natureza estar em mim. E Deus meu criador, me manda pensamentos tão doces que minha alma se regozija e a ele louva em espírito e em verdade. E mesmo sendo humana e pecadora, não tenho medo de dizer, que o espírito de Deus fala comigo no silêncio daquela serra. E mais ainda, foi naquele lugar que o amor soberano de DEUS PAI, com certeza, um dia me batizou como POETA. E por isso, cada vez que voltei a serra, fui preparada espiritualmente para assumir a voz poética já recebida, mas que demorei muito tempo pra de fato perceber esse chamado. Hoje, não tenho mais dúvidas! Deus batizou-me com poesia e simplesmente me pede pra falar de AMOR.
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Maria de Fátima Alves de Carvalho/Poetisa da Caatinga
Natal, 04.01.09
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 05/01/2009
Reeditado em 30/08/2020
Código do texto: T1367899
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