CONTAMINADA PELO JORNALISMO

A última postagem tem exatos dois anos e quatro dias. É um tempo bem longo para quem pretende ser uma jornalista famosa ou uma escritora. Sendo bem mais humilde, é um espaço muito extenso para que solta aos quatro ventos que adora de escrever.

O que aconteceu? O que houve com aquela pessoinha que quebrava a cabeça, tentando entender o amor, ajudando o mundo, rezando para Deus para que Ele não tirasse isso ou aquilo? Onde estão os cacos do meu imenso coração espatifado? Sumiu. Ultimamente todo meu sentimentalismo, minha subjetividade está escondida em um lugar que eu não sei aonde (mas que eu pretendo encontrar bem rápido), talvez até intangível. Por aqui só permaneceu a objetividade e a imparcialidade.

Acho que fui contaminada pelas teorias do jornalismo. Onde meu sentimento foi erradicado pelo objetivismo. Tantas foram as vezes as quais eu ouvi dizer que minha opinião não contava, e que no momento eu precisava escrever exatamente aquilo que interessava ao meu público. A verdade é essa, minha vida, minha experiência, minha alegria, minha tristeza, meus desafetos, meus sonhos, erros e acertos não contam, não interessam ao mundo, eu não sou ninguém perto desse mar de gente, sou uma gota diante desse oceano imenso.

O que importa é a notícia. E é um paradoxo, você dá sua a vida praticamente por uma vírgula de informação, uma palavrinha mal dita de suas fontes e tudo vira um escândalo. Todos comentam, as palavras por você escrita pegam fogo diante dos olhos de quem le. Entretanto no outro dia, muitas coisas já foram esquecidas, as palavras foram deturpadas, a chama da imprensa vira nada mais do que uma fumacinha “fria”; e começa uma nova corrida por novidades, virgulas, falas, fontes, fatos, fotos, pauta.

É necessário esmiuçar o conteúdo informacional, buscando sempre o diferencial. Ressaltando sempre o que o publico gosta de ler, e isso na maioria dos casos eu chutaria uns 99% encontra-se no titulo. O titulo tem que ser atraente como um bolo de chocolate, que praticamente conta para todo mundo sua essência e sabor, mas sem tirar a surpresa do prazer que é sentir o êxtase de se empanturrar.

Escrever um texto jornalistico hoje é como lançar uma dupla sertaneja na industria cultural. É fazer da informação um ídolo, praticamente uma “eternidade” noticiosa em pouco tempo que, por acaso do destino dentro de poucos minutos será substituída por outra novidade, que será substituída por outra notícia e assim sucessivamente. Porque as coisas acontecem, no clique do mouse, enquanto sua página do orkut carrega ou se você for romântico como eu no piscar de seus olhos.

Grazielle Soares
Enviado por Grazielle Soares em 28/01/2009
Código do texto: T1408538
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