A TODAS NÓS...MÃES

Não é por ter sido mãe de fato três vezes, e outras tantas ter agido como tal pela imensa vontade de ser útil a outras pessoas em alguns momentos difíceis de suas vidas...

A verdade é que a palavra mãe pode nos tornar imprescindíveis ou totalmente desnecessárias na vida de alguém.

Quando a maternidade torna-se um fardo demasiado pesado para ser suportado, entendo que o melhor mesmo é delegar esta tarefa a quem tenha em si o esperado “instinto materno” – dom que não cresce com a barriga e não nasce com o primeiro choro do bebê, mas sim com a vontade e desprendimento necessários para assumir esta missão eterna.

Sim, porque ser mãe, em toda a sua essência, encerra um compromisso eterno de doação, mas... esperem um momento... não considero a maternidade um caminho de mão única, e tenho minhas razões para tanto...

Se vamos começar com aquele discurso sobre infinitas noites mal dormidas ao lado de um bebê chorão... será que não deveríamos nos lembrar do quanto era gratificante quando conseguíamos finalmente identificar a razão do pranto, que nem sempre era algo que justificasse tantas lamentações, mas com certeza, era a única forma de expressão conhecida por aquele ser minúsculo e indefeso?

E hoje, quando lembramos daquelas noites, percebemos que foram muito mais proveitosas que as intermináveis noites de insônia que enfrentamos por problemas que nada têm a ver com choro e mamadeiras, e que eram esquecidas com meia hora de sono, assim que possível...

Podemos falar ainda sobre joelhos, cotovelos e narizes esfolados, cabelos cortados com tesouras escolares e paredes rabiscadas, entre tantas outras criações mirabolantes, que podem ter nos causado irritação, mas, no meu caso, infalivelmente acabavam em boas risadas, mesmo que longe dos autores da façanha...

Também podemos nos lembrar das festinhas na escola; das apresentações infindáveis e cansativas... mas, atenção de novo! Será que nos esquecemos que os melhores atores eram sempre os nossos filhos? – para nós, é claro... E aí se passavam a Páscoa, com incontáveis rostinhos de bigode e nariz pintados e orelhas pontudas... O Dia do Índio, com direito a cocar, cara pintada de novo – certo, às vezes toda manchada de tantas lágrimas por não querer participar – e o dia tão esperado, o nosso dia: o Dia das Mães... Todas a postos, máquinas fotográficas ou lenços nas mãos, e a certeza de que, sim, somos as melhores do mundo, e eles jamais sobreviveriam sem a nossa presença.

Com certeza podemos falar agora de quando já cresceram um pouquinho e resolvem ter suas idéias próprias... e tentam nos convencer de que são melhores que as nossas – pasmem, algumas vezes são mesmo! Mas como admitir que aqueles pequenos tiranos de mãozinhas na cintura sabem mais que nos, experientes adultos? Não, melhor encerrar a conversa com o típico: já para o quarto, está de castigo!

Mas a verdade é que ficamos nos torturando com aquelas palavras e acabamos encontrando uma porção de lógica nelas... e dali há algum tempo, estamos fazendo sonhos de goiabada – ou doce de leite -, ou bolinhos de chuva, para não deixarmos que os sonhos daqueles que tanto amamos se dissolvam por falta deste carinho...

E em meio a tardes intermináveis jogando Banco Imobiliário, assistindo TV e comendo pipoca; outras tantas dando banho de mangueira em pequenos eufóricos com a água batendo em seu corpo; mais algumas dando banho naquele cãozinho que insistiram em adotar, prometendo que “cuidariam bem dele” – e nós acreditamos – e em meio às noites que quase sempre terminavam com histórias ou canções que, de tão repetidas ecoavam sozinhas pela casa... nossos pequenos insistem em contrariar nossas súplicas para que não cresçam rápido demais, e assim o fazem... acreditem, isto acontece num piscar de olhos!

E chegam as festinhas na casa dos amigos... festinhas em casa para os amigos e, quando nos damos conta, tornamo-nos meras espectadoras daquelas histórias que vão sendo escritas dia após dia... podemos participar, mas não determinar o rumo de cada capítulo.

Um belo dia, em meio a um grande problema de nossas vidas adultas – que deveríamos aprender a minimizar e superar com nossos pequenos, que esquecem tudo após a última lágrima secar – ouvimos daqueles a quem consideramos nossos eternos dependentes: - Não fica triste mamãe, eu estou aqui, vai dar tudo certo.

Palavras que nos confortam e convencem de que, realmente, vai dar tudo certo, ou melhor, já deu!

O melhor de tudo é que nos convencem de que ser mãe não é doar-se completa e definitivamente aos filhos, mas sim, construir um elo de amor e cumplicidade, que nos torna ao mesmo tempo mães e eternas filhas, e que bom quando conseguimos ser humildes para admitir que, com nossos filhos, aprendemos muito mais do que ensinamos.

Aí então, poderemos considerar a maternidade como um dom e uma dádiva, e, no meu caso específico, um grande orgulho por fazer parte da vida de pessoas tão maravilhosas como meus filhos.

À minha mãe, obrigada pela minha vida... espero que eu tenha acrescentado algo de bom à sua...

Às minhas avós - que já viraram estrelas - a eterna lembrança daquele cheirinho de comida de vó e de cafuné com direito à cabeça no colo e tudo...

Às minhas irmãs mães, obrigada por estarem comigo quando aprendíamos com nosso maior exemplo de mãe...

Às minhas tias mães (e avós), obrigada por participarem de forma tão carinhosa da minha vida...

Às minas amigas mães, parabéns pela oportunidade que Deus lhes deu através de seus filhos... obrigada por estarem comigo nesta mesma caminhada...

Às minhas amigas filhas, parabéns por terem a oportunidade de conviver com seres tão maravilhosos quando suas mães... obrigada por me ouvirem sempre com tanta atenção e carinho...

Finalmente, aos meus filhos... obrigada por terem me proporcionado a felicidade e realização de ser mãe!