FOTO ANTIGA

Passeando a esmo pelo centro da cidade, aqui no Rio de Janeiro, deparei-me com uma exposição de fotos antigas da cidade, são trabalhos fotográficos que datam da década de 20/30 do século passado, ou seja, uns 80 anos atrás. Parece muito, mas se considerarmos que é o tempo de uma vida (a média de vida do ser humano está entre 70 e 80 anos dependendo do país), não é muito, e o curioso é observar que as pessoas que aparecem naquelas fotos, a grande maioria, hoje já não estão mais vivas muito embora fique aquela sensação de que nunca existiram, foram atores de um filme antigo, rodado ainda em preto e branco. Quais foram os grandes problemas vividos por aquelas pessoas, quais a pelejas travadas no dia a dia que realmente perturbaram a tranqüilidade delas? Seriam tão sérios assim tais problemas a ponto de, muitas vezes, terem tirado da razão esses seres humanos que hoje já não estão entre nós? sofrimentos diários face ao dia a dia da vida, será que teria valido a pena tantos aborrecimentos, uma vez que, em resumo, todos tiveram o mesmo fim, a morte, e num exíguo espaço de tempo? Eram tantas crianças brincando pelas ruas vazias de automóveis, pelas praças inabitadas de mendigos e violência urbana, eram tantos sonhos soltos numa atmosfera de encantamento em uma realidade já distante e ao mesmo tempo tão próxima. É difícil imaginar, olhando sob certo aspecto, que de fato essas pessoas faleceram, o que foi sonho hoje não passa de lembrança e saudade e que os problemas acabaram-se com elas, ou, como em muitos casos, foram o motivo da passagem final. Pois daqui a 80 anos, seremos nós nas fotos expostas no bares, galerias e lugares afins, fotos antigas de uma outrora modernidade, de um passado de problemas que muitas vezes jamais existiram, a não ser nas cabeças estressadas de uma população apenas carente e assustada. Vivamos então o hoje buscando dar o real valor as coisas cotidianas e que a seriedade extrema só aconteça para incrementar uma vida alegre deixando a tristeza aparecer somente quando realmente for exigida, quando não se tiver escolha.