Alô, alô?... Cortaram o telefone da delegada!

Neste mundo de falsas moralidades, o cabra para não virar bode expiatório, ou é imoral por inteiro compartilhando, mais corretamente dividindo, ou não se atreva a alguma coisa normal que possa aparecer anormal. Os velhacos de plantão, e a imprensa “Maria vai com as outras” estão com os espaços de manchetes abertos. Cortam a linha antes do último alô, vivem fora linha e por isto derrubam os que a tenham.

É paradoxo, eu que acompanho o dia-a-dia da Justiça, como jornalista, conhecendo as dificuldades das autoridades que levam processos, documentos e outros encargos de seus horários de expediente, para horas extras no horário de ver a novela, despreza os dias de lazer, tudo para cumprir prazos processuais. Não são poucos, em tempo de Justiça engarrafada e delegacias desestruturadas, que se obrigam levar máquinas de escreve, ou computadores, para dar curso ao serviço, enquanto olham os filhos, o marido, ou as panelas no fogo.

Não é exagero de minhas linhas, nesta “Bahia de Todos os Nós!” Pois fico perplexo com as manchetes: “Delegada é presa por ter gato telefônico em casa”. Primeiro não é gato, assim nos referimos as ligações clandestinas, quando há um “roubo” de tarifas! Ou ainda quando há, mesmo que com o consumo pago, haja um desconhecimento total por parte de quem, por exemplo, é usuário de uma linha telefônica, não sendo o caso, pois afinal a delegada sabia.

A querela surgiu na cidade de Souto Soares, tão pequena que quando um habitante solta uma bufa todos sentem o cheiro! A delegada de polícia civil, doutora Marta Carneiro da Silva Costa, que há pouco mais de dois meses trabalha no município de Souto Soares, a 484 quilômetros de Salvador, na Chapada Diamantina, absurdamente foi presa por ter levado o celular para casa. A cidade de tão mínima não tem este recurso, então a delegada, para bem servir, atendendo as necessidades fora de seu horário de expediente, puxou uma extensão do terminal telefônico que serve a delegacia, para atender em sua casa, próxima ao ergástulo público.

Agora esta em custódia na Corregedoria de Polícia Civil - Correpol, na capital baiana. Os inquéritos aos que se dedicava estão lá, parados, Dizem que a Secretaria de Segurança Pública – SSP tenta manter sigilo absoluto em relação aos motivos que levaram à prisão da policial. No entanto, moradores do município onde ela trabalhava e fontes da Justiça informaram que Marta teria feito uma ligação “clandestina” na linha de telefone da delegacia para que pudesse atendê-lo, também, em sua residência.

Se não queriam um escândalo bastava internamente tê-la solicitado o desligamento da extensão. Mas algum “bocudo” da própria SSP deu o alarme para fazer bonito junto à imprensa antiética, que não apura os fatos. O corregedor devia procurar casos mais graves a corrigir. Mas a coitada da delegada é que virou uma cabrita expiratória, no mundo em que os cabritos têm trânsito livre na maioria das delegacias.

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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal (impresso e virtual) Vanguarda Bahia da cidade de Guanambi – Bahia, distante quase 550 quilômetros do fato, mas se solidariza a delegada. Se acham imoral trabalhar em casa, vamos moralizar até que os governantes tenham suficiente pessoal nos fóruns e delegacia.