ESPELHO DA ALMA

Olho para o espelho e não me vejo, e não te vejo

Por quanto tempo confundi nossas imagens?

Te olhava e me via, me olhava e não me encontrava...

O contorno do seu rosto aos poucos vai-se desfazendo

O tempo faz questão de esconder-nos os detalhes um a um, lentamente...

A distância cuida de desfazer os últimos traços, deixando apenas nuances...

Embora os dois, o tempo e a distância, teimem em unir-se contra nós,

Há um elo indestrutível, persistente, intermitente...

Que pulsa e repulsa e expulsa a tristeza.

Neste abismo que separa nossas vidas,

De cada lado, dentro de cada peito,

Bate, por certo no mesmo ritmo, um mesmo coração.

Bate de saudade, bate de tristeza,

Mas bate na esperança de um reencontro breve.

E neste mundo onde vivem nossos corações,

Não há espaço ou tempo que possa ser maior que a certeza deste reencontro...

Então, lentamente, vou redesenhá-lo em minha mente,

traço a traço, toque por toque, como um artista

se coloca diante de sua obra como diante de si mesmo...