MINHA CIDADE

Tarde fria e poeirenta de outono, onde a paisagem

estática e impessoal me leva a caminhar

pelas ruas do centro.

Pessoas se acotovelam, correm,

empurram seus pés cansados e trôpegos

em busca de um canto tranquilo.

Para onde irão ?

Eu não sei...

Gostaria de caminhar sossegada, revivendo

paisagens perdidas e lugares esquecidos.

Mas não consigo...

Ufah ! Como correm !

Encontrões, trânsito, carros enguiçados,

buzinas, palavrões...

Desejo parar, pensar e não posso...

Sou um ser humano!

Humano, me ouviram ?

Ninguém me escuta, ninguém me vê.

Ah ! finalmente escapei.

Aqui estou numa esquina vazia.

Mas o que vejo ?

Não, não pode ser, é triste demais.

Crianças pequenas pedindo esmolas no farol,

outras se drogando, outras com a cara no asfalto...

São seres humanos, ouviram ?

Pôr do sol sem sol, só nuvens cinzas e pesadas,

anunciando que um temporal se aproxima.

Filas imensas se formam nos pontos de ônibus,

calçadas e ruas alagadas, tumulto...

É o caos estabelecido.

A noite chega trazendo com ela um grito sufocante

de alguém que foi baleado, pisoteado,

humilhado, silenciado...

Por favor, que cidade é esta ?

São Paulo ?

Obrigada.

Regina Bertoccelli
Enviado por Regina Bertoccelli em 26/04/2006
Reeditado em 07/07/2015
Código do texto: T145792
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