PÁS-CO-A

PÁS-CO-A

A primeira impressão sobre a palavra páscoa é de algo pequenino, soando distante e, mais relacionada a dias de folga para curtir dias de prazer, lembrando, apenas, de comer o peixe sagrado da tal “Semana Santa”. Nessa semana os homens enlouquecem na organização das viagens com a família para visitação aos parentes e as brincadeiras reservadas para esses dias ditos sagrados. Algumas pessoas procuram penitenciar-se para expurgar os pecados do ano iniciado, agarrando-se a rezas repetidas ou fazendo juras e promessas quase impossíveis de serem cumpridas, numa eterna barganha com o Cristo. O engraçado é que eles condicionam cumprir com o prometido se Deus os atender, quando deveria ser o contrário, primeiro você cumpre e espera para ver se é merecedor de tal graça.

O que sabemos é que tudo isso virou um comércio de pecados tendo por avalista os Santos, como se eles não tivessem coisa mais importante a fazer do que abrir crédito para os penitentes do mundo. Nesse rolar de dívidas celestiais, o comércio pega carona e utiliza estratégias marqueteiras para induzir o homem a consumir com mais propósito os produtos oferecidos ao seu deleite já que é por um a boa causa e, quando o homem dá por si, mesmo achando que não é o correto a fazer, ele acaba referendando suas escolhas baseado no ser igual a todos. POR QUE SÓ EU TENHO QUE SER DIFERENTE E ATRAPALHAR A FESTA DOS OUTROS? Aí ele acaba acreditando que tudo está correto e as coisas têm que acontecer daquela maneira, afinal, os filhos, a mulher, o marido, os pais, o cachorro, o periquito, o papagaio e, todos esperam ser presenteados nesse período divino.

O louco de tudo é que você acaba acreditando que é tudo normal e tudo acontece naturalmente e, na verdade o que há é uma massificação de todos os lados te obrigando a não pensar, a não querer ver nada diferente, a não contestar, a ser, realmente, o cordeiro indo para o matadouro em sacrifício pelas más escolhas da vida, reberveradas pelo sino impiedoso com o sírio a lhe guiar pelo caminho do girassol na esperança de poder partilhar do pão e do vinho que a tudo limpa e santifica.

O que será verdade nisso tudo? Só sei que o significado da páscoa, é a ressurreição de alguma coisa muito maior do que esse mundo de pecados e medos ao qual nos educamos e perpetuamos para outras gerações, regidos pelo medo de errar, amofinando nossos sonhos e estigmatizando nossas verdades preconceituosas.Então, vamos ressurgir de nós mesmos e reinventar esse homem escondido por trás das liquidações e barganhas das suas crenças.